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  • Antes de partir

    A hora da nossa morte, nosso “memento mori”, é quando fazemos um balanço de tudo que se passou conosco e das escolhas que fizemos, perante essas circunstâncias. Filósofos antigos como São Tomás de Aquino colocavam um crânio sobre suas mesas de trabalho, a fim de que não se esquecessem da máxima “do pó viemos e ao pó retornaremos”. Esse é o tema abordado, como pano de fundo, na série Il Gattopardo na Netflix. Baseada nos livros de Giuseppe T Lampedusa, a narrativa se desenrola em torno do príncipe siciliano Fabrizio Salina e de sua família. Também conhecido como Il Gattopardo (O Leopardo), o príncipe é um homem vaidoso e altivo, arrogante e soberbo em suas decisões. Conduz com pulso de ferro os rumos de sua família, não admite críticas a suas atitudes, é intransigente em diversos assuntos e gera conflitos e disputas que poderiam ser evitados, por meio do diálogo. Entretanto, os tempos eram outros. Estamos no século 19, quando a Itália era palco de inúmeros conflitos por sua unificação, sendo, à época, dividida em vários reinos. O reino governado pelo príncipe era o da Sicília. Pai de seis filhos, Don Fabrizio tem que demonstrar força e poder e enxerga seu sobrinho Tancredi como seu sucessor natural, em detrimento do próprio filho Paolo. Com isso, protege e encobre os excessos do sobrinho, o que gera ressentimentos no filho. Sua filha Concetta é a menina de seus olhos e a voz da razão, dentro de sua família. A ela, cabe o difícil papel de alertar o pai sobre seus erros, não sendo, contudo, bem compreendida por este, o que gera muitos desentendimentos entre os dois. A estória é belíssima, trazendo questionamentos sobre fé, amor, valores e virtudes, prazeres e política, escolhas e renúncias, traições e reconciliações. Reproduz a época e os conflitos havidos na Itália do século 18, até a sua unificação. Ocorre que, na hora de sua morte, Don Fabrizio confessa que, ao longo da vida, fez muitas coisas de que se arrepende, com pequenos lampejos, “entre as cinzas de seus erros”, acerca de momentos felizes que viveu. E esses momentos não possuem correlação com dinheiro, poder, vitórias e glórias, mas com o sorriso da esposa, em seu primeiro encontro, ou uma valsa dançada, um perfume sentido no ar, a aurora de uma nova manhã… Assim é, também, a nossa experiência na Terra. O que nos faz felizes são as coisas simples. Os gestos de bondade. O amor e a amizade sinceros. O sorriso de um filho. A contemplação de uma linda paisagem. Buscamos, muitas vezes, prazeres e sensações, reconhecimento e dinheiro, quando o que importa está muito além disso. Don Fabrizio, como tantas pessoas, percebeu isso apenas ao constatar que a morte estava próxima. A partir desse momento, tornou-se mais humano, menos autoritário, mais sensível ao que estava ao seu redor e que antes, simplesmente, não percebia. Um livro que traduz a hora da morte de um homem poderoso, imerso em um universo de vaidades e interesses dúbios, é A Morte de Ivan Ilitch, de Tolstói. Neste, um juiz de direito da alta corte, na Rússia do Século 19, dá-se conta de que, em seu memento mori, só restou-lhe a companhia do criado. O romance foi escrito logo após a conversão religiosa do escritor e é de uma sensibilidade impactante. Todos nós devemos refletir sobre como será o nosso memento mori, qual será o nosso legado e quem serão as pessoas que estarão realmente presentes, quando a nossa vida estiver chegando ao fim. Caso a conclusão a que você chegar não seja aquela que desejava, olhe para dentro de si e analise as suas escolhas e para o rumo que está dando às coisas, por aqui. Sempre há tempo de mudar… Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 52 edição de Março de 2025 – ISSN 2764-3867

  • A imprensa e o Direito de Informare

    Vivemos na era da informação e das redes sociais. O volume de dados que circulam o planeta Terra diariamente ultrapassa o valor inimaginável de 12 bilhões de Gb. O fenômeno da capilarização da informação, proporcionado pela internet, fez com que os grandes conglomerados de comunicação praticamente perdessem o controle e o monopólio que mantinham sobre a comunicação de massas. Cada pessoa pode ser um comunicador, cada celular é um instrumento de informação. Mas o que é informar? Do latim informare , informar significa dar forma, instruir. A ideia implícita em informar é oferecer conteúdo àquele que ignora, pressupondo que a informação é construída a partir de alguém que previamente conhece o fato e, moldando – dá forma – para em seguida comunicar ou informar. A história da veiculação de informações e notícias no Brasil colonial, seguiu na contramão do que se praticava na América espanhola. Segundo Sergio Buarque de Holanda, ainda na primeira metade do século XVI já se prensavam livros na Cidade do México, mas somente em treze de maio de 1808 através de um decreto assinado pelo Príncipe Regente D. João VI, foi criada a Imprensa Régia. Então, em setembro daquele ano e com a utilização de maquinário de tipografia instalado na residência de Antônio de Araújo e Azevedo, futuro conde da Barca, Ministro dos Assuntos Estrangeiros e da Guerra, saiu a primeira edição da Gazeta do Rio de Janeiro. Essencialmente o jornal reproduzia informações anteriormente distribuídas por outros periódicos europeus, além de apresentar notícias sobre os atos de governo. Uma biblioteca era um jardim em um ambiente cultural ainda extremamente árido como o do Brasil colonial e, somente a partir de 1808 o Rio de Janeiro, capital do império português, recebeu sua primeira Biblioteca Real. Ainda em 1808, por não ser permitida no Brasil a impressão de qualquer livro, jornal ou panfleto, além do material produzido pela Imprensa Régia, o jornalista Hipólito José da Costa fundou o Correio Braziliense. Hipólito fundou seu jornal em Londres, onde passou a ser impresso e distribuído, chegando clandestinamente ao Brasil e escapando assim da proibição imposta pela coroa, já instalada na cidade do Rio de Janeiro em função das invasões napoleônica a Portugal. Tornando-se um instrumento de divulgação de ideias liberais em língua portuguesa, tendo acompanhado e transmitido informações sobre a Revolução do Porto de 1820 e o processo que conduziu à independência do Brasil em 1822, certamente causava transtornos à coroa portuguesa. A independência americana e a Revolução Francesa eram ainda episódios recentes e preocupantes aos interesses coloniais portugueses. De tal modo era necessário controlar a livre circulação de notícias e informações que, segundo o historiador Laurentino Gomes, o Correio Braziliense passa a ter parte de sua tiragem adquirida pela própria coroa e passa a receber subsídios para apresentar um conteúdo mais amigável ao governo de D. João. Arriscaríamos dizer que pode ter sido o primeiro caso conhecido no Brasil de acumpliciamento entre o Estado e um meio de comunicação. Em 1811 surge na Bahia o jornal Idade d'Ouro do Brazil, publicado duas vezes por semana e com a permissão do Governador Geral da Bahia, Marcos de Noronha e Brito. Ainda não se diferenciava do que hoje conhecemos como Diário Oficial, apresentando apenas atos oficiais e notícias do governo. Após o retorno da família real a Portugal em 1821, o Reverbero Constitucional Fluminense é lançado no Rio de Janeiro. Era um momento em que muitas ideias circulavam, como o retorno à condição colonial, a independência e o republicanismo. Sem a presença da família real e contando com um ambiente menos repressivo, os periódicos tornam-se menos raros. O amplo desenvolvimento da imprensa brasileira vai ocorrer a partir de 1822 com a Independência. Durante o primeiro reinado e, sobretudo ao longo do segundo reinado, os jornais se consolidavam como veículos de comunicação, transmissão de ideias e como formadores da opinião pública. A propósito do segundo reinado, D. Pedro II era alvo rotineiro de matérias críticas, charges e humor ácido, nem assim o Soberano impôs qualquer censura, reforçando o ideal de liberdade de expressão e de imprensa. Segundo o pensamento liberal, a atividade da imprensa em qualquer lugar do mundo está ligada de modo indissociável à liberdade de expressão e ao sigilo das fontes. Assim sendo, é impossível informar se houver qualquer tipo de barreira ou limite. Entretanto, durante o período Vargas, especialmente durante a fase do Estado Novo (1937 a 1945), a atividade jornalística e a livre circulação de informações foram seriamente ameaçadas e a pesada mão do controle estatal se fez presente. Não trataremos neste artigo das especificidades do controle da gestão Vargas, mas podemos afirmar que até aquele momento, nem mesmo durante o período anterior à República a censura se fez de modo tão intenso e institucionalizado. Somente com a Constituição de 1946 a imprensa brasileira pôde contar com um ambiente menos hostil, ainda que regulamentado pelos instrumentos legais. Durante os anos do regime militar, e nos reportando à Constituição de 1969, o Art. 153, § 8º tinha a seguinte redação: “É livre a manifestação de pensamento, de convicção política ou filosófica, bem como a prestação de informação independentemente de censura, salvo quanto a diversões e espetáculos públicos, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer. É assegurado o direito de resposta. A publicação de livros, jornais e periódicos não depende de licença da autoridade. Não serão, porém, toleradas a propaganda de guerra, de subversão da ordem ou de preconceitos de religião, de raça ou de classe, e as publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes” . Depreende-se que qualquer informação com caráter de licenciosidade moral, apologia ou incentivo a crime, ou ainda à subversão da ordem estabelecida e desejada pela ampla maioria da população conservadora da época, era obviamente proibida. Ainda que as informações que nos chegam referentes àquela época, descrevam um controle absoluto do Estado sobre os meios de comunicação, este não é o consenso. O filósofo e jornalista Olavo de Carvalho, que trabalhava no meio jornalístico naqueles tempos, afirmava que não havia censores em cada redação, que eles sequer eram autorizados a acessar os recintos restritos aos jornalistas, que as notícias não eram censuradas de todo, apenas os trechos que violavam o referido artigo constitucional. A Constituição de 1988 retoma a questão da liberdade de modo muito especial em dois de seus artigos. O Artigo 5º, IV diz que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” ; e no Art. 220 lê-se: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição” . É clara e de facílima compreensão a mensagem destes artigos, não cabendo dúvida ou interpretação: liberdade! Para os casos de abuso ou inverdade o Código Penal contém previsões quanto a injúria, calúnia e difamação. Casos específicos são tratados de forma específica, e de maneira geral vivemos sob o estandarte da liberdade de expressão. Em 2009 o Plenário do STF decidiu que era inconstitucional a exigência de diploma de jornalismo para o exercício da atividade jornalística. Aquela decisão derrubou o Decreto-Lei 972/69 que limitava o exercício legal da profissão aos formados em curso superior de jornalismo. Assim, em conformidade com o princípio de liberdade de expressão sob o qual vivemos, qualquer pessoa pode informar “sob qualquer forma, processo ou veículo” (C.F. Art. 220) . A decisão do STF veio àquela época acompanhar as inovações que abordamos em nosso primeiro parágrafo deste artigo, tornando ainda mais livre o terreno digital em que hoje “trafegamos”. Mas afinal por que tantas vozes se levantam clamando pelo estabelecimento de limites à liberdade de expressão? Por que motivo, setores da política nacional tem incorporado esta mentalidade que só pode ser compreendida em governos ditatoriais? O ex-presidente Lula, por exemplo, tocou ao menos nove vezes no tema da regulamentação desde 2019, tendo sido bastante explícito em uma de suas falas durante viagem à Europa: “Vamos ter que regulamentar as redes sociais, regular a internet, colocar parâmetro” . Pode ser que o sentido etimológico original da palavra informar possa dar alguma luz aos questionamentos. Informare é dar forma. Informar, mais que o simples ato de dar a conhecer é moldar o fato para atender ao sentido ideológico daquele que informa, formando a opinião daquele que é informado. Múltiplas opções de “forma” deixam ao leitor a tarefa de refletir e decidir por si só quanto à verdade dos fatos. E o que a política tem a ver com os meios de comunicação? Ao menos em dois momentos o poder político e os meios de comunicação se encontram. O primeiro momento é representado pelo Artigo 21 da Constituição de 1988 que trata das competências da União, onde está estabelecido no inciso XI que compete a União “explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais” . Desta forma a União tem poder de influência, mesmo que indireta, sobre o conteúdo e a linha editorial ou de programação que lhe compete conceder, atendendo de toda forma aos termos da nossa Constituição. O segundo momento é indireto, mas de profunda relevância para o bom entendimento dos interesses e conflitos de interesses envolvidos na legítima tarefa de informar. Em uma lista tornada pública em 2011 pelo Ministério das Comunicações, 56 parlamentares constavam como sócios ou diretores de empresas de comunicação. Ainda que a legislação da época autorizasse a participação societária e vedasse o exercício de diretoria a políticos, ou seja, ainda que fosse legal, seria perfeitamente lícito o questionamento quanto a moralidade daqueles vínculos. A título de exemplos, a família do ex-ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães possuía naquele ano a TV Mirante e a família Collor de Mello a TV Gazeta, ambas afiliadas à Rede Globo de Televisão. Segundo Lucas Borges de Carvalho, em seu artigo ‘A política da radiodifusão no Brasil e seu marco legal: do autoritarismo ao ultraliberalismo’, “(...) Assim é que, conforme demonstram Costa e Brener, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) se valeu da possibilidade legal de conceder autorizações, sem licitação e de forma não onerosa, para a prestação do serviço de Retransmissão de Televisão (RTV), visando angariar apoio político em momentos cruciais, como no caso da votação da emenda da reeleição” . E no mesmo artigo, citando Costa e Brener em ‘Coronelismo eletrônico’, “(...) Depois de passar praticamente quase todo o ano de 1995 sem distribuir RTVs, o ministro Sérgio Motta — que coordenou o processo de arregimentação de votos pró-reeleição — assinou, naquele mês, portarias de outorga de aproximadamente 400 repetidoras, sobretudo para empresas e entidades controladas por políticos e para prefeituras” . Se considerarmos as conexões diretas e indiretas criadas a partir do controle ou participação em emissoras de rádio, televisão, jornais, revistas, sites de internet, canais... Bem, a lista seria quase infinita. Todas as conexões nos induzem à conclusão de que muito mais que informar, “muito além do papel de um jornal” conforme uma campanha publicitária de O Globo, a atividade jornalística tacitamente se presta a formação de opinião, direcionamento de seu público, atenção aos interesses de mercado e principalmente, associação com o meio político para melhor alcance de seus interesses próprios e mútuos. Se as pautas da censura velada e da regulamentação dos meios de informação têm sido cogitadas com frequência, não é de causar espanto. Os poucos exemplos apresentados neste artigo são apenas a ponta de um iceberg gigantesco que, caso fossem elevados acima da linha d’água do conhecimento público, desnudariam as relações formadas entre a comunicação e o poder. Políticos de oposição e os tradicionais veículos de comunicação de massas unidos, buscando desfigurar as políticas de governo e moldar a opinião pública (como sempre o fizeram), encontrando na internet a barreira final que os têm impedido de voltar às velhas relações de compadrio. De Hipólito da Costa às denúncias de favorecimento a emissoras de televisão por meio de publicidade oficial, passando pela participação política em empresas de comunicação, há um padrão histórico de compadrio, de corrupção, de concussão. O silêncio comprado ou o foco dos holofotes, tudo depende de qual lado se está. Se não pagam pela informação que querem, recebem a informação que não solicitam. Para os detentores tradicionais da informação, a verdade e a mentira são dois lados da moeda viciada lançada ao ar. A relação do público e do privado e ambas com seus eleitores, leitores e telespectadores nunca mais serão as mesmas, ou ao menos não retroagirão enquanto estivermos sob o refrão: “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós! Das lutas na tempestade dá que ouçamos tua voz!” . Voz alta e clara, isenta de censura e livre. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 13 edição de Junho de 2022 – ISSN 2764-3867

  • Uma mensagem assinada com sangue pelo povo da cruz

    “ E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um, compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram.” (Apocalispe 6.9-11). Eu pensei muito no que abordar neste artigo; tantos acontecimentos políticos e geopolíticos que sobram temas para dissecar nessas linhas que a Revista me proporciona (a quem agradeço publicamente pela confiança). Mas gostaria de tratar sobre um assunto importante: a perseguição aos cristãos . “ Ah, mas isso existe há tempos” . Concordo. Há mais de dois mil anos o cristianismo é ostracizado nos quatro cantos do planeta. Contudo, Nosso Senhor Jesus nos preveniu sobre isso: “... vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus.” (João 16,b) . Ou seja, quem deseja eliminar os cristãos pensa estar fazendo a vontade de Deus. E assim, nossa história vem sendo escrita com sangue. Estevão foi o primeiro mártir; homem sábio e cheio do Espírito Santo, foi terrivelmente injustiçado. Testemunhas falsas corroboraram com as mentiras ditas pelos membros da sinagoga e levaram-no para julgamento. Após um longo discurso, onde não negou sua fé, foi lançado para fora da cidade e apedrejado. Com os apóstolos de Cristo não foi diferente: Tiago, o Maior, irmão de João, foi o primeiro dos doze a ser assassinado, no reinado de Herodes Agripa; Felipe, que evangelizou na Ásia Setentrional (atual Rússia), foi açoitado e crucificado. Mateus, que foi para a Etiópia, foi imolado com uma albarda (espécie de machado). Tiago, o Menor, irmão de Jesus, faleceu aos 94 anos, com seu crânio esmagado; Matias, que ocupou o lugar de Judas, terminou seus dias, decapitado. André, irmão de Pedro e um dos primeiros discípulos de Nosso Senhor, foi crucificado em forma de X. Marcos, o escritor do evangelho que leva seu nome, foi arrastado pelas ruas de Alexandria, no Egito, até que sua carne fosse rasgada. Pedro, o pescador, um dos mais próximos de Jesus, foi crucificado, dizem, de cabeça para baixo, a pedido próprio, pois não se achava digno de morrer como Nosso Senhor. Paulo, aquele a quem Jesus apareceu no caminho para Damasco, foi decapitado. Judas, irmão de Jesus e Tiago, foi crucificado. Bartolomeu, um dos discípulos menos conhecido, que pregou até na Índia, também foi crucificado. Tomé, chamado Dídimo, atravessado por uma lança. Lucas, evangelista e médico, foi enforcado na Grécia. Simão, o Zelote, evangelizou na Grã-Bretanha e lá foi crucificado. “ Mas como que Jesus não os protegeu?” : esta é a pergunta daqueles que não crêem, e não é um questionamento sem resposta. Jesus disse: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.” (João 15.18-19). “... Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.” (João 15.20b) Jesus não prometeu vida sem qualquer tipo de problema ou dificuldade; e segui-Lo significa abdicar de si próprio. A verdade é que aquele que se predispõe a seguir a Cristo precisa entender o seguinte: não tem como ter duas vidas; ou eu tenho a minha própria, ou a Dele. E aqueles que perderam a sua vida por amor a Ele estão em melhor situação do que nós. “ Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.” (Mateus 16.25) Humanamente falando, seguir a Cristo é uma loucura; imagine abdicar dos meus desejos e vontades para entregar minha vida – e alma – para uma divindade e sofrer ao invés de ser recompensado? O apóstolo Paulo entendia perfeitamente isso: “ Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” (1° Coríntios 1.18) Aquele que renuncia a tudo pelo Reino dos Céus entende que sua recompensa jamais virá nesta terra, mas na Eternidade. Não é errado buscar uma vida confortável, afinal “E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.” (Eclesiastes 3.13) . Mas todo aquele que entrega a sua vida a Jesus sabe que o bem mais precioso é a salvação da sua alma. Farei um salto histórico dos tempos da igreja primitiva para a Revolução Francesa. Aquele período que hoje é aclamado como o mais iluminado, onde o homem se separou da fé e passou a idolatrar a razão, na verdade, foi um dos mais sanguinários. A guilhotina, que leva este nome graças ao médico J oseph-Ignace Guillotin, foi a “máquina de matar” quem discordava do sistema. E os cristãos não foram poupados. As Carmelitas de Compiègne foram dezesseis religiosas do mosteiro carmelita de Compiègne assassinadas por revolucionários franceses do Comitê de Salvação Pública que as levaram à guilhotina por ódio à religião, no segundo período do Terror da Revolução Francesa, no dia 17 de julho de 1794, no local hoje denominado " Place de la Nation" , na época "Place du Trône Renversé" . A lei revolucionária de 1790 forçava o fechamento do convento, o que acarretou a redistribuição das freiras em quatro casas separadas. Com muita “ liberdade, igualdade e fraternidade” , as religiosas ainda tiveram que escolher entre assinar o “juramento revolucionário” ou sofrer a deportação. A priora carmelita Teresa de Santo Agostinho fomentou entre as irmãs da sua comunidade a fidelidade aos preceitos da vida conventual, que elas continuaram a praticar na clandestinidade. Entretanto, algumas denúncias às autoridades revolucionárias levaram a uma investigação que juntou “ provas de vida conventual ”: as carmelitas foram assim acusadas de “ complô para restabelecer a monarquia e extinguir a República ”. As religiosas que foram presas se negaram a assinar novamente o juramento revolucionário e, acusadas de “ conspiração contra a revolução ”, foram amarradas e levadas a Paris em duas carroças. Na capital francesa, foram trancadas na prisão da Conciergerie. Foram condenadas à morte no dia 17 de Julho de 1794. Em uma carroça, foram levadas para seu destino; no caminho, entoavam Te Deum, hino católico cuja redação final é tradicionalmente datada do ano 387 d.C. quando da ocasião do batismo de Santo Agostinho por Santo Ambrósio. O hino é usado principalmente na liturgia católica, como parte do Ofício de Leituras da Liturgia das Horas e outros eventos solenes de ações de graças. Eis um trecho: “ Dignai-Vos, pois, assistir a Vossos servos, que haveis remido com Vosso preciosíssimo sangue. Fazei que sejam do número dos Vossos santos na glória. Salvai o Vosso povo, Senhor, e abençoai a Vossa herança (…) Dignai-Vos, Senhor, neste dia conservar-nos sem pecado. Compadecei-Vos de nós, Senhor! Compadecei-Vos de Nós. Desça sobre nós a Vossa misericórdia, segundo a esperança que em Vós pusemos. Em Vós, Senhor, esperei; jamais serei confundido.” Aos pés da guilhotina, iniciaram o Veni Creator Spiritus : “ Vinde, Espírito criador, visitai as Vossas almas; enchei com a graça do alto os corações que criastes.” Uma a uma, pedindo a última bênção da priora, subiram ao cadafalso e foram martirizadas. A realidade ocidental é um pouco melhor em termos de liberdade religiosa do que era há cem, duzentos anos. E isso faz com que nossos olhos estejam fechados para o que acontece na Janela 10-40. A Janela 10-40 é uma faixa da terra que se estende do Oeste da África, passa pelo Oriente Médio e vai até a Ásia. A partir da linha do Equador, subindo forma um retângulo entre os graus 10 e 40. Calcula-se que até hoje menos da metade da população mundial com as suas etnias e línguas tenham sido confrontadas com o evangelho. Eu, particularmente, não fazia ideia de que esta delimitação existia até 2006. Neste ano, a cantora evangélica Fernanda Brum lançou o álbum “Profetizando às Nações” , o segundo mais vendido da sua carreira. O disco tinha a seguinte missão: contar à igreja ocidental o que ocorre com cristãos pelo oriente. E foi quando eu descobri que não sou crente. Caro leitor, não me leve a mal; sou nascida e criada na igreja. Mas quando digo que “não sou crente” me refiro ao fato de que eu ainda “não resisti até ao sangue” (Hebreus 12.4) pelo Evangelho de Cristo. E, penso eu, que esta é a condição da igreja no ocidente. Temos mordomias, regalias, bíblias com diversas traduções a nosso dispor, devocionais, pregações de todo o tipo e para todos os gostos, podemos ir à Igreja sem sermos apedrejados ou fuzilados, podemos exibir terços, crucifixos ou simplesmente a cruz. Mas temos Cristo? E isso traz a seguinte reflexão: se não estamos conseguindo viver para Ele, como teremos condições de morrer por Ele? O pior martírio ocorrido nos últimos tempos completou dez anos em 15 de Fevereiro: a degolação de 21 cristãos no litoral de Sirte, na Líbia, no Mar Mediterrâneo, pelas mãos do ISIS. As águas que levaram os apóstolos para pregar o Evangelho foram as mesmas que receberam o sangue dos servos de Cristo. Na época, estava no início da gestação do meu filho; não procurei saber de maiores detalhes porque estava poupando minha mente, pois me senti muito mal fisicamente nos primeiros meses de gravidez. E depois, cumprindo meu papel mãe, não recordei de pesquisar sobre o caso. Mas agora, dez anos depois, eu fiz meu papel de jornalista e fui pesquisar. Dos 21, 20 deles eram da Igreja Coopta do Egito e moravam em uma pequena cidade ao sul do Cairo, chamada Minya. O 21° era proveniente de Gana, e também era cristão, provavelmente protestante. Esses homens eram trabalhadores comuns, operários da construção civil que deixaram o Egito em busca de melhores oportunidades para sustentar suas famílias. Foi em Sirte, entre os meses de Dezembro de 2014 e Janeiro de 2015, que eles foram sequestrados por milícias do Estado Islâmico. O mundo só voltaria a saber deles por ocasião do seu martírio. A morte dos 21 cristãos foi registrada em um vídeo divulgado pelo grupo terrorista, denominado “Uma mensagem assinada com sangue para o povo da cruz” . Eu procurei este vídeo, e com muita dificuldade, encontrei. Assisti na íntegra. A cada cena, um nó na garganta. Lágrimas insistiram em cair. Porque uma coisa é tratar de martírio em tempos longínquos, os quais não vimos, e outra bem diferente é assistir em nossos dias, com nossos próprios olhos. O vídeo começa com a chegada dos cristãos e dos soldados jihadistas na praia, na costa de Wylãyat, Tarãbulus; os cristãos, descalços e vestindo macacões laranja, semelhantes aos utilizados nos presídios americanos, e os islâmicos, de preto e toucas ninja. São alinhados e postos de joelhos. Na legenda, a seguinte frase: “O povo da cruz, os seguidores da hostil igreja egípcia” O maioral toma a palavra. Escreverei seu discurso ipsis literis : “ Louvado seja o Deus Forte e Poderoso Que a paz esteja com aquele que garantiu a família, que Deus proteja os mundos. Ó povo, vocês nos viram nas colinas de Sam e na planície de Dabiq, abates de cabeças que sempre carregaram a ilusão da cruz. Eu absorvi o ódio pelo islamismo e pelos muçulmanos. Hoje estamos no sul de Roma, na terra do islamismo, a Líbia, enviando outra mensagem. Ó Cruzados, segurança é o teu desejo. Principalmente porque vocês estão lutando contra todos nós, nós lutaremos contra todos vocês, até que a guerra termine. Então jesus, que a paz esteja com ele, desça. Ele quebra a cruz, mata o porco e cobra o imposto (citação do Alcorão) Este mar em que vocês esconderam Osama bin Laden, que Deus o aceite, juramos por Deus que será coberto com seu sangue (cristão)” Em seguida, os rostos dos cristãos são exibidos em silêncio. Alguns estão chorando e orando, outros, estão chamando por Jesus, e os demais, firmes. Depois, são jogados ao chão. Uma música árabe toca ao fundo enquanto os jihadistas tomam suas facas e degolam-nos vivos. No áudio, é possível ouvi-los clamando por Jesus em sua própria língua. No fim do massacre, suas cabeças foram colocadas sobre seus próprios corpos; o que me chamou a atenção foram seus semblantes: não havia desespero, não havia dor. Pareciam estar dormindo. Jesus os recebeu. O líder tomou a palavra novamente, agora com as mãos sujas de sangue: “ Conquistaremos Roma, se Deus quiser. Esta é a promessa do nosso profeta. Que Deus o abençoe e lhe dê paz.” A última cena: o Mar Mediterrâneo. Não mais azul. Vermelho. Confesso que não foi fácil assistir. Sinto um nó na garganta apenas por pensar da dor que sentiram. Contudo, o que vi me levou a uma profunda reflexão sobre meu próprio estado espiritual: como tenho vivido?Será que tenho feito o que agrada a Deus? E se radicais invadissem minha casa, eu teria coragem de permanecer ou negaria minha fé? “ E as famílias?” , pode questionar o leitor. Enlutadas, feridas, machucadas. Receberam os corpos apenas três anos depois. Mas felizes. Parece inacreditável, mas é isso que eles relatam. Encontrei várias entrevistas e documentários com as famílias dos 20 cristãos egípcios. Os depoimentos no geral são: “estou feliz porque tenho um mártir na família”, “graças a Deus ele não negou a Jesus”, “eu tenho orgulho dele” . Os membros do ISIS devem ter imaginado que veriam familiares com ódio e sede de vingança, mas eles encontraram cristãos autênticos que perdoaram todo o mal feito. Difícil de acreditar, não é mesmo? Mas é real. Temos em nossos dias cristãos ocidentais vendendo suas almas por um prato de lentilha, por uma noite, por um momento; e do outro lado, cristãos que preferem ser degolados vivos a apostatarem de sua fé. Que Nosso Senhor Jesus Cristo tenha misericórdia de nós e nos ensine a como servi-Lo, porque até o dia de sua vinda, o número de mártires terá de se completar. Seremos algum deles? Não sabemos. Mas como disse Paulo: “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.” (Romanos 14.8) Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 52 edição de Março de 2025 – ISSN 2764-3867

  • O Ícaro que habita cada um de nós

    Na Ilha de Creta reinava Minos, governante que sofrera um castigo por tentar ludibriar o senhor dos mares, Poseidon, tendo o deus feito com que a esposa do rei se apaixonasse por um touro, gerando assim a temida figura do Minotauro, que significa o touro de Minos. A besta era uma maldição para o senhor de Creta, mas considerando ser tal castigo merecido por ter afrontado o deus dos mares, tratou de conter a fúria da criatura mantendo-a em um labirinto engenhoso. A mente genial por trás da construção do labirinto de Creta fora Dédalos, um arquiteto, artesão e inventor ateniense cuja habilidade fez do labirinto algo inimaginável, praticamente impossível de fugir. A construção, não só mantinha a besta com corpo humano e cabeça de touro confinada, como evitava que suas presas, jovens virgens oferecidos em sacrifício à fera, que os devorava. Dédalo ajudou a fila do Rei Minos, Ariadne, ensinando-a como seria possível sair do labirinto, posteriormente, a princesa ensina o herói Tseu, que, após ceifar a vida da besta, usa o fio de lã para escapar do local. Pela ajuda dada à princesa e ao herói, Dédalo foi castigado pelo Rei Minos que o colocou no labirinto, aprisionando também o filho do arquiteto, Ícaro. Dédalo sabia que era impossível sair de Creta por mar, pois Minos, ao acatar o castigo imposto pelo deus dos mares, tinha recuperado o apreço da divindade. O governante também era o senhor da ilha, sendo inviável escapar de sua ira enquanto estivessem naquele solo. O engenhoso artesão decidiu que o único meio de fugir do monarca era escapar de sua temível obra, o labirinto, e sobrevoar para longe da Ilha de Creta. Criando asas para si e para Ícaro, usando penas coladas com cera, conseguiram escapar do suplício. O arquiteto instruiu seu filho que permanecesse próximo, assim poderia acompanhá-lo durante o voo, orientando que não voasse muito alto para que a cera não derretesse ou muito baixo ou as penas seriam molhadas. Fascinado pela luz do sol, sentindo-se livre ao voar, Ícaro ignora o conselho de seu pai e acaba voando cada vez mais alto, tentando assim se aproximar do astro. Conforme se aproxima do sol, o calor derrete-lhe as asas fazendo com que o jovem caia de uma altura fatal. O pai só percebe que Ícaro tomou tal destino tardiamente, não podendo evitar tal infortúnio. Levou os restos mortais de seu filho para a Sicília, onde o enterrou no lugar que batizara como Icaria, homenageando o jovem falecido. Em sua trajetória, Dédalo foi um sábio e talentoso inventor, que cumprira com esmero as missões que lhes foram confiadas, mas seu filho, ignorando sua a sabedoria e vivência encontrou seu fim quando deslumbrado pela beleza do astro-rei. Devemos aprender com o trágico fim de Ícaro que a sabedoria é um dom que deve ser respeitado e a vivência uma conquista que jamais pode ser desprezada, para que, nunca nos deixemos cegar pela luz da soberba ou da ilusão de sermos mais do que aquilo que temos como missão de vida. Não se deve voar acima da capacidade de suas asas ou derreterão, impedindo que seja feito mais do que o que está ao alcance, bem como, não é correto voar muito baixo para não ter as asas molhadas, pois edificar aquém daquilo que é possível, é deixar de cumprir seu papel como ser que carrega a cama divina. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 13 edição de Junho de 2022 – ISSN 2764-3867

  • Ausência de praxes agregantes

    A falta dos hábitos é um grande motivo para a decadência cultural, pois, tem-se em mente uma ideia errônea do mundo, partindo do pressuposto que fazer determinada atividade continuamente por meses, anos ou até pelo resto da vida, é algo ruim, pois se fosse bom, seria breve. Seguindo esta linha de raciocínio, vemos uma sociedade em que a pessoa não vai em seu centro religioso, independente de qual for, todo fim de semana, uma vez no mês, ou no ano, mas sim quando outras pessoas a consideram errada, neste momento sim, o indivíduo busca um centro religioso para lavar-se de seus erros, e voltar a cometê-los crendo que basta retornar após errar novamente. Todavia, não ocorre apenas na religião, mas em toda a vida daquele, pois, a poligamia, traições, nada mais é do que um indivíduo, ou casal, o qual nega-se a viver em par, ter aquela pessoa pelo resto de sua vida, querendo nada além de um momento, ou momentos que seja, mas nada realmente duradouro, uma consistência, um hábito, rotina. Portanto, era natural que fosse ocorrer na leitura a mesma coisa. “Passar dias, semanas ou meses lendo uma trilogia de livros? É mais rápido ver um filme, diz a mesma coisa.” Comumente, buscar o mais breve tornou-se visto como o correto, não que seja algo contrário à natureza, pois, a forma de evolução busca o caminho mais breve, seu corpo não quer ter um trabalho extra, passar dias para ler um livro como O Senhor dos Anéis, basta um dia maratonando os filmes que, seu cérebro buscará isto, visando evitar a fadiga, como diria o icônico Jaiminho, entretanto, cabe ao indivíduo ter como norte justamente não ficar parado, esperando algum problema para agir. Nosso cérebro funciona quimicamente, naturalmente, como um animal, gasta-se energia para comer e hidratar-se, fora isso, mantêm-se descansado caso apareça um predador, todavia, somos seres humanos, os quais necessitamos buscar algo além do básico, o bordão destes é viver, sobreviver para ser mais exato, quando também precisamos de um desafio, evoluir, uma sociedade a qual almeja apenas sua sobrevivência estagnar-se-á, pois, nunca buscará algo além de, isto caso todos fossem bons por natureza, visto que, uma sociedade sem querência alguma relacionada a evoluir, deixar algo para a próxima geração, necessariamente terá outra ambição no lugar desta. Curioso, não? Atoa nunca vai ser, a crescente de pessoas buscando fama, pelos motivos mais bisonhos, buscando uma riqueza meramente monetária, a qual fora muito bem abordada aqui . Levando em conta esta onda de pessoas sedentas por poder e bens materiais, as quais fazem de tudo para viver de forma luxuosa, sem o menor prestígio em seus meios para atingir tal ambição, naturalmente cria-se um sistema de governo corrompido, pois, o poder emana do povo, numa ditadura, pode ocorrer do governo ser podre e uma população vítima daquele tirano, entretanto, numa democracia, por mais perversa e manipulada que esta seja, ainda reflete em partes o povo. Quando o brasileiro diz que leis presente em seu código legislativo é uma lei para inglês ver, ou está vivendo numa hegemonia inclusiva, em outras palavras, numa ditadura pintada de democracia, ou sim, o povo corrobora com seu governo, pois se estivesse no lugar daquele, faria o mesmo. Infelizmente, é o que ocorre, uma criança furtando caneta na escola é algo normal, pegar bens do trabalho e levar para si não é nenhum absurdo, rouba mas faz, e outros diversos absurdos. Um açougueiro que leva carnes do trabalho para casa de forma ilícita, não se distância do político que lava dinheiro, que pega renda de instituições públicas para si, portanto, para termos um governo decente, um governo límpido, de antemão, cabe a nós sermos indivíduos, os quais constituem uma civilização, aglomerado de pessoas este, que nada mais é do que uma média de todos os seus compositores, ou seja, cada indivíduo sendo alguém de valor faz com que tal sociedade seja rica em valores. Os hábitos dos indivíduos constroem a sociedade, isto é, pessoas cujo tem o hábito de todo dia passar duas horas no TikTok, Facebook, Instagram e similares, farão com que a sociedade tenha como regra pessoas as quais dedicam horas do seu dia para visitar tais redes, e como consequência, aquele que passa estas horas lendo, jogando, dormindo que seja, será interpretado como destoante, retornando ao raciocínio animalesco, aquele que é diferente do meu bando, do meu ser, é um predador, ou presa, criando uma antipatia natural. Não venho aqui dizer que pessoas com rotinas diferentes se odiarão, entretanto, haverá uma distanciação, mesmo que sem conflito. Todo indivíduo tende a querer ser aceito em seu meio social, isto é, um adolescente que tem como hábito ler fábulas e jogar vôlei nos momentos de lazer, terá uma certa dificuldade em criar amizades no âmbito escolar, onde seus amigos de classe jogam futebol e assistem desenhos animados. Não debatendo neste exemplo o que seria o correto a fazer, mas é indiscutível que teriam uma certa dificuldade em conviver, fazendo com que o único que jogava vôlei, migrasse para o futebol, e similarmente sobre a leitura de contos e desenhos animados na televisão, algo que dificilmente teria algum conflito entre os jovens, entretanto, de forma gradual o que se sente excluído irá tornar-se o mais compatível com seus companheiros, e isto ocorre de maneira geral, desde os mais novos, para se introduzirem num grupo escolar, até os mais amadurecidos, para criar um ambiente de trabalho similar, âmbito acadêmico onde todos são iguais não gera debates, confrontos, e isto é algo o qual muitos tem medo de enfrentar, não defendo no sentido de violência, mas o medo de ter um confronto de ideias ainda será um grande problema, mas isto é tema para outro momento. Após ter uma sociedade com hábitos uniformes, estes que normalmente são os mais fáceis, pelos motivos biológicos e incentivados por pessoas de má índole, pessoas sem moral, aceitam atitudes imorais, retornando ao ponto mencionado no início, uma vez estando à margem da lei, aceita-se outros marginais, pequenos crimes não são portas para crimes de grande escala por te dar meios, mas sim, por retirar seu freio moral, o que aumenta caso não seja punido, já que não houve nenhum problema devido daquele ato ilícito, qual o problema de cometer outro? A bola de neve corrompida engrandece conforme a moral decai, e a moral nada mais é do que os valores de uma sociedade, estes que são estabelecidos pela cultura de cada indivíduo, aquele que não retém o hábito de ir à um centro religioso, perderá a cultura da fé, a crença em divindade, contemplando algum homem, isto é, nenhum espaço se mantém vazio, onde o Estado não atua, há traficantes, milicianos, entre outras formas de reger aquele território, portanto, um ditador da Coreia do Norte não é idolatrado atoa, pessoas sem religião tem o espaço de sua fé em vão, assim como, da ambição para subir na vida, fazer por onde deixando um legado ético, um caminho digno, baseado em valores para que a próxima geração caminhe mantendo este, e se possível, fazer por onde para melhorá-lo. A falta do hábito em visitar a família, libera um vão para seu grupo social, onde farão festas, encontros, substituindo nas aparências sua família, mas para manterem-se neste grupo, muitas outras liberdades serão tomadas. Como dito anteriormente, não de forma brusca, mas pela falsa necessidade vista pelo indivíduo, onde este, precisa seguir as mesmas coisas que seu grupo de amigos, pois estes suprimem sua família, quando na verdade, você não só pode como deve ter amigos, mas a família é fundamental. O modo pelo qual toda falta de hábito que agrega em algo faz com que crie um vão o qual não deveria existir, já fora pensado, não é atoa, a principal questão é retornar tais hábitos, para que assim, recupere-se a cultura, a moral, os valores, e disto sim, recuperar o país. Mudar uma sociedade de cima para baixo nunca vai ser o correto, pois, será de forma ditatorial, mas quando o povo sai de seu casulo, o Estado tende a seguir, visto que, se ele mantiver as pessoas presas artificialmente, estas rebelar-se-ão, e de forma justa, visto que o Estado existe pelo povo, e constitui-se pelo povo, portanto, o povo não serve ao Estado, mas sim, o contrário. Todavia, visar uma revolução, nada mais é do que pular etapas, simplesmente mudar o topo da pirâmide esperando que toda ela se mude junto, enquanto deve ser mudada a base desta, e manter tal progresso de forma sucessiva, até mudar o topo, para algum que corresponda à sua base. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 13 edição de Junho de 2022 – ISSN 2764-3867

  • Do Carnaval a Páscoa

    O Carnaval é uma das festas populares mais conhecidas e celebradas no Brasil e no mundo. Com raízes em festivais pagãos da Antiguidade, como as Saturnálias de Roma, foi absorvido e transformado pela cultura cristã durante a Idade Média. O nome “Carnaval” vem da expressão latina “carnis levale”, que significa “retirar a carne”, em alusão ao período de abstinência da Quaresma que se segue. Historicamente, o Carnaval sempre simbolizou um momento de celebração e liberdade, no qual as pessoas aproveitavam intensamente antes do início da Quaresma. Originalmente, o Carnaval era uma festa pagã na Europa, celebrada como um momento de diversão antes do período de abstinência e reflexão da Quaresma. Ao longo dos séculos, a celebração se transformou e se espalhou pelo mundo, ganhando características únicas em cada lugar. No Brasil, a festa ganhou características únicas, como os desfiles de escolas de samba, os blocos de rua e as marchinhas, misturando influências europeias, africanas e indígenas. O Carnaval brasileiro, que se tornou uma atração internacional, é visto como uma festa cheia alegria desmedida para a introspecção. Mas deveria ser um momento de reflexão para a Quaresma. Apesar de hoje ser uma celebração de excessos, o Carnaval pode ser visto como um chamado à renovação. História do Carnaval 1. Antiguidade Clássica: O Carnaval tem suas raízes em festivais antigos, como as Sacéias na Babilônia e as Saturnálias em Roma, onde havia inversão de papéis sociais e liberação de prazeres. 2. Idade Média: Na Idade Média, o Carnaval se tornou uma festa popular na Europa, com desfiles, banquetes e apresentações teatrais. A Igreja Católica absorveu essas festividades e as ressignificou, criando uma conexão com a Quaresma. 3. Século VI: O Papa São Gregório Magno (590-604) teria dado ao último domingo antes da Quaresma o título de “dominica ad carnes levandas”, que significa “domingo de retirada da carne”, o que teria gerado o termo “Carnaval”. A ideia era permitir que as pessoas tivessem um período de celebração e indulgência antes do início da Quaresma. 4. Século XVII: Com a chegada dos africanos escravizados ao Brasil, o Carnaval começou a incorporar elementos africanos, como ritmos musicais e danças vibrantes. 5. Período Colonial: O Carnaval foi introduzido no Brasil pelos colonizadores portugueses, que trouxeram a tradição do entrudo, onde as pessoas jogavam líquidos e sujeiras umas nas outras. 6. Século XVIII: No Rio de Janeiro, os colonizadores portugueses trouxeram suas tradições carnavalescas conhecidas como “entrudo”, uma festa popular em que as pessoas se jogavam água, farinha e outros elementos umas nas outras, em um clima de diversão e liberdade. Com o tempo, essa celebração evoluiu e incorporou elementos africanos e indígenas, resultando na rica e diversa tradição carnavalesca que conhecemos hoje. 7. Século XX: No início do século XX, o Carnaval do Rio de Janeiro ganhou destaque com a criação das primeiras escolas de samba, como a Deixa Falar, fundada em 1928. Essas escolas começaram a organizar desfiles competitivos, com enredos temáticos, carros alegóricos e fantasias elaboradas. O primeiro desfile oficial de escolas de samba ocorreu em 1932. 8. Expansão e Evolução: Ao longo dos anos, o Carnaval evoluiu e se expandiu, incorporando ritmos como samba, frevo e maracatu. Cada região do Brasil desenvolveu suas próprias tradições carnavalescas, tornando a festa ainda mais rica e diversa. A influência da umbanda e do candomblé no Carnaval brasileiro é profunda e significativa, refletindo a rica herança cultural e religiosa afro-brasileira. Essas tradições trazem ao Carnaval elementos como a música, a dança e representações simbólicas, como os orixás e guias espirituais, celebrados em desfiles e alegorias. Apesar de suas origens pagãs, o Carnaval foi ressignificado pela Igreja Católica ao conectá-lo à Quaresma e, por consequência, à Páscoa. O Cristianismo desempenhou um papel importante na adaptação e preservação das festividades, moldando-as ao longo dos séculos. Embora existam debates entre religiões de matrizes africanas e a fé cristã, é essencial lembrar que ambas compartilham raízes históricas e valores como a celebração da vida e da espiritualidade. A África foi berço de grandes contribuições ao Cristianismo, como Santo Agostinho e outras figuras históricas, enquanto as religiões de matrizes africanas destacam solidariedade e respeito à natureza, valores que convergem com a mensagem cristã. A Quaresma A Quaresma é um período de 40 dias (excluindo os domingos) que começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na Quinta-feira Santa, na Semana Santa. Inspirada nos 40 dias relatados na Bíblia em que Jesus passou no deserto em oração e jejum, a Quaresma é um tempo de penitência, renovação espiritual e preparação para a celebração da Páscoa. Seu significado está profundamente enraizado na tradição cristã desde o século IV, quando a Igreja formalizou esse período no calendário litúrgico. Durante a Quaresma, os cristãos são convidados a buscar três práticas principais: 1. Jejum e abstinência: Um ato de sacrifício e solidariedade, lembrando que é possível desapegar-se de prazeres terrenos para focar no espiritual. 2. Oração: Um momento para fortalecer a relação com Deus, buscando orientação, gratidão e arrependimento. 3. Caridade: A prática de ajudar os necessitados, refletindo o amor ao próximo e os ensinamentos de Cristo. Mas como viver uma boa Quaresma? Reserve alguns minutos do dia para meditar sobre os valores cristãos e avaliar suas atitudes. Busque a reconciliação com Deus, com o próximo e consigo para alcançar a paz interior e renovar sua jornada espiritual. Leia mais a Bíblia e as passagens que falem da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, aprofundando sua compreensão do sacrifício de Jesus. Faça um esforço consciente para renunciar a algo que normalmente considera importante, seja material ou emocional, e ofereça isso como um sacrifício. A Quaresma não é apenas um tempo de restrição, mas um convite à renovação e ao fortalecimento da fé. Ela permite que os cristãos se conectem com o sacrifício de Cristo, preparando-se para vivenciar profundamente o significado da Páscoa. A Páscoa A Páscoa é a celebração mais importante do calendário cristão, marcando a vitória de Jesus Cristo sobre a morte por meio de Sua ressurreição. Essa data representa o ápice da fé cristã, simbolizando renovação, esperança e a promessa de vida eterna. A celebração da Páscoa tem suas origens no judaísmo. O termo “Páscoa” deriva do hebraico Pesach , que significa “passagem”, em referência ao Êxodo, quando Deus libertou o povo hebreu da escravidão no Egito. Na tradição cristã, a Páscoa ganhou um novo significado com a ressurreição de Jesus Cristo, que ocorreu durante a comemoração da Páscoa judaica. A paixão, morte e ressurreição de Cristo são interpretadas como a libertação da humanidade da escravidão do pecado, oferecendo a todos a salvação. A Páscoa, portanto, é o ponto culminante do ano litúrgico, celebrando a nova aliança entre Deus e a humanidade. Para os cristãos, a Páscoa é um momento de alegria e renovação, em que a vitória de Cristo sobre a morte renova a esperança de uma vida plena. É um tempo para celebrar o amor de Deus, refletir sobre o sacrifício de Jesus e renovar compromissos de fé. O Carnaval, a Quaresma e a Páscoa estão profundamente interligados no calendário cristão. O Carnaval marca o fim de um período de celebração e dá início ao tempo de introspecção e penitência da Quaresma. A Quaresma, por sua vez, prepara os cristãos para a celebração da Páscoa, permitindo uma jornada de purificação e renovação espiritual. A Quaresma é essencial para a Páscoa, pois é nela que o fiel tem a oportunidade de refletir sobre o sacrifício de Cristo e se preparar para vivenciar plenamente a ressurreição. Já a Páscoa dá significado à Quaresma, pois celebra o triunfo da vida e a renovação espiritual que ela proporciona. Juntas, essas três fases representam um ciclo de transformação: o Carnaval, com sua celebração efêmera; a Quaresma, com sua introspecção transformadora; e a Páscoa, com sua celebração da vitória eterna. Para os cristãos, a Páscoa não é apenas o clímax do calendário litúrgico, mas a essência da fé, o momento em que a renovação e a salvação se tornam reais. Cada um desses momentos carrega um significado único, mas é na conexão entre eles que encontramos o verdadeiro propósito da fé cristã: celebrar a vida, refletir sobre o sacrifício e renovar o compromisso com Deus e com os valores da fé. Para o cristão, a Páscoa é o ápice dessa trajetória, um chamado à renovação, ao amor ao próximo e à valorização da esperança. Em suma, a mensagem que emerge desse ciclo não é apenas espiritual, mas também humana: independente das diferenças culturais ou religiosas, somos convidados a abraçar a diversidade e a encontrar o significado nas transições da vida. É por meio da celebração, do silêncio da introspecção e da alegria da ressurreição que aprendemos a transformar nosso interior e a viver em plenitude. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 52 edição de Março de 2025 – ISSN 2764-3867

  • “Uma bomba sobre o Japão, fez nascer o Japão da paz”

    Em 1945 chegou ao fim um dos marcos temporais mais importantes da era contemporânea e com ele surgiu um capítulo à parte, dentre os mais controversos e tristes da história humana: as explosões atômicas em Hiroshima e Nagasaki (6 e 9 de agosto). As duas explosões permanecem entre os eventos mais dramáticos e ainda mal explicados da história militar. A partir dos anos 60 o movimento historiográfico de viés marxista começou a moldar uma linha narrativa que frequentemente descreve aqueles bombardeios como desnecessários, caracterizando-os como meros testes de armas nucleares ou ataques indiscriminados contra populações civis, apenas o resultado do ímpeto imperialista americano. No entanto, uma análise mais abrangente do contexto histórico, militar e estratégico revela que as decisões tomadas pelos Estados Unidos foram baseadas em uma complexa avaliação de cenários, buscando encerrar a Segunda Guerra Mundial com o menor custo possível de vidas humanas, por mais paradoxal ou contraproducente que aquela decisão possa parecer. Este artigo busca apresentar uma visão mais equilibrada, destacando os motivos estratégicos e o contexto geopolítico que levou àqueles eventos. Em maio de 1945 a Segunda Guerra Mundial na Europa havia terminado com a rendição da Alemanha nazista. No entanto, no Pacífico, o Japão continuava a resistir ferozmente, apesar de estar em uma situação militar insustentável. Os Aliados haviam conquistado ilhas estratégicas, como Iwo Jima e Okinawa, mas a invasão do território japonês continental ainda era um desafio monumental. O Japão, sob o comando do Imperador Hirohito e de líderes militares como o General Hideki Tojo, mantinha uma postura intransigente, recusando-se a aceitar a rendição incondicional exigida pela Declaração de Potsdam. Essa resistência fanática foi evidenciada em batalhas como a já citada batalha de Okinawa, onde milhares de civis japoneses cometeram suicídio em vez de se renderem às forças aliadas. Para os líderes militares, essa disposição de lutar até o fim era uma prova de que o povo japonês estava preparado para enfrentar uma invasão terrestre com determinação implacável. A resistência japonesa era alimentada por uma cultura militar que valorizava a honra acima da vida. O código de honra samurai, conhecido como "bushido", desempenhou um papel central na mentalidade militar japonesa durante a guerra. Esse código valorizava a lealdade, a coragem e a disposição para morrer em combate acima de tudo. A ideia de rendição era vista como uma desonra intolerável, e muitos líderes militares acreditavam que a morte gloriosa em batalha era preferível à capitulação. Essa mentalidade foi reforçada pela doutrina do "gyokusai", que incentivava soldados e civis a lutarem frontalmente até o último homem, mulher ou criança. A invasão do Japão, planejada sob o nome de "Operação Downfall", estava programada para começar em novembro de 1945. A operação seria dividida em duas etapas: a invasão de Kyushu (Operação Olympic) e a subsequente invasão da região de Tóquio (Operação Coronet). Estimativas militares sugeriam que a campanha poderia durar até 1947, com custos humanos catastróficos. Os planejadores militares dos Estados Unidos previram que a invasão resultaria em até um milhão de baixas aliadas, incluindo mortos e feridos. Do lado japonês, as perdas poderiam chegar a vários milhões, considerando a disposição dos civis para lutar até a morte. Além disso, os japoneses haviam mobilizado milícias civis e preparado táticas de guerrilha, o que aumentaria ainda mais o número de vítimas. Diante desse cenário, os líderes americanos buscaram alternativas para evitar uma prolongada e sangrenta campanha terrestre. O general Curtis LeMay, responsável pelo bombardeio incendiário de Tóquio em março de 1945, já havia demonstrado que mesmo ataques convencionais poderiam matar mais de 100 mil pessoas em uma única noite. Ainda assim, o governo japonês não mostrava sinais de rendição. Ainda que por décadas as narrativas da escolha de Hiroshima e Nagasaki apontassem as cidades como inocentes alvos civis, sem interesses militares importantes, ou seja, tudo não passando de um cruel teste atômico, tal escolha não foi arbitrária. Ambas as cidades tinham importância militar e industrial significativa. Hiroshima era um centro logístico e de comando, abrigando o quartel-general do Segundo Exército japonês, responsável pela defesa do sul do país. A cidade também era um importante centro de produção de armamentos e um ponto de embarque para tropas. Nagasaki, por sua vez, era um dos principais portos do Japão, com estaleiros e fábricas que produziam equipamentos militares. Além disso, ambas as cidades haviam sido poupadas de bombardeios convencionais, o que permitiria aos cientistas avaliarem com precisão o poder destrutivo das novas armas nucleares. A seleção desses alvos refletia a intenção de maximizar o impacto militar e psicológico, forçando o governo japonês a reconsiderar sua postura intransigente. O desenvolvimento das bombas atômicas foi resultado do Projeto Manhattan, um esforço científico e industrial sem precedentes que mobilizou mais de 130.000 pessoas e consumiu cerca de US$ 2 bilhões (equivalente a mais de US$ 20 bilhões hoje). Liderado por cientistas como J. Robert Oppenheimer e Enrico Fermi, o projeto buscava criar uma arma que pudesse encerrar a guerra de forma decisiva. A primeira bomba, apelidada de "Little Boy", utilizava urânio-235 e foi lançada sobre Hiroshima. A segunda, "Fat Man", baseava-se em plutônio-239 e foi detonada sobre Nagasaki. Ambas as armas foram projetadas para liberar uma quantidade imensa de energia, causando destruição massiva e ondas de choque que devastariam infraestruturas e abalariam a moral do inimigo. Apesar da devastação causada pelo bombardeio de Hiroshima, a liderança japonesa ainda hesitava em se render. Alguns líderes militares acreditavam que os Estados Unidos possuíam apenas uma bomba atômica e que o Japão poderia continuar resistindo. Outros argumentavam que a rendição incondicional levaria à destruição do sistema imperial e da cultura japonesa. A destruição de Nagasaki três dias depois deixou claro que os Estados Unidos tinham capacidade de produzir mais armas nucleares. As explosões de Hiroshima e Nagasaki causaram a morte imediata de aproximadamente 200.000 pessoas, com dezenas de milhares morrendo nos anos seguintes devido a ferimentos, queimaduras e efeitos da radiação. Embora essas perdas sejam trágicas, é importante contextualizá-las dentro do cenário mais amplo da guerra. O Japão havia sido responsável por atrocidades em larga escala, incluindo o massacre de Nanquim, onde centenas de milhares de civis chineses foram mortos, e a exploração brutal da Manchúria. A extensão da guerra resultaria em mais mortes, tanto de soldados quanto de civis, em toda a Ásia. As explosões de Hiroshima e Nagasaki foram eventos trágicos, mas devem ser entendidas dentro do contexto complexo e brutal da Segunda Guerra Mundial. A escolha desses alvos foi baseada em considerações estratégicas e militares, motivadas pela necessidade de encerrar o conflito com o menor custo possível de vidas. Embora o debate sobre a moralidade dessas ações continue, é essencial reconhecer que as decisões tomadas foram influenciadas por circunstâncias extraordinárias e por um cálculo difícil entre opções igualmente terríveis. A história não deve ser simplificada, mas sim analisada em sua totalidade, considerando todos os fatores que moldaram esses eventos decisivos. Outro elemento crucial que influenciou a decisão de usar as bombas atômicas foi o papel da União Soviética no cenário geopolítico da época. Em fevereiro de 1945, durante a Conferência de Yalta, os Aliados concordaram que a União Soviética entraria na guerra contra o Japão três meses após a rendição da Alemanha. Essa promessa foi cumprida em 8 de agosto de 1945, quando a URSS declarou guerra ao Japão e invadiu a Manchúria. Para os Estados Unidos, a entrada da União Soviética na guerra no Pacífico representava um dilema. Por um lado, a participação soviética poderia acelerar a derrota do Japão. Por outro, ela aumentaria a influência soviética na Ásia, algo que os Estados Unidos desejavam evitar. A bomba atômica, portanto, não era apenas uma ferramenta para forçar a rendição japonesa, mas também um instrumento de poder geopolítico, destinado a demonstrar a supremacia militar americana e conter a expansão soviética. A liderança japonesa, no verão de 1945, estava profundamente dividida sobre como encerrar a guerra. Enquanto alguns membros do governo e do alto-comando militar reconheciam a inevitabilidade da derrota, outros insistiam em continuar a resistência, mesmo diante de circunstâncias cada vez mais desesperadoras. Essa divisão refletia não apenas diferenças estratégicas, mas também questões culturais e ideológicas profundamente enraizadas na sociedade japonesa. No início de agosto de 1945, o Conselho de Guerra japonês, composto por seis membros-chave, estava profundamente dividido. De um lado, estavam o Primeiro-Ministro Kantaro Suzuki e o Ministro das Relações Exteriores Shigenori Togo, que buscavam uma forma de negociar a paz. Do outro lado, estavam o Ministro da Guerra Korechika Anami e os chefes do Exército e da Marinha, que insistiam em continuar a luta. A destruição de Hiroshima em 6 de agosto abalou profundamente o governo japonês, mas não foi suficiente para superar a resistência dos líderes militares. Alguns deles duvidavam que os Estados Unidos possuíssem mais de uma bomba atômica e acreditavam que o país poderia suportar ataques adicionais. Outros argumentavam que a rendição incondicional levaria à destruição do sistema imperial e da cultura japonesa, algo que consideravam inaceitável. A destruição de Nagasaki em 9 de agosto, combinada com a declaração de guerra da União Soviética no mesmo dia, mudou drasticamente o cenário. A invasão soviética da Manchúria eliminou qualquer esperança de mediação por parte da URSS, algo que alguns líderes japoneses ainda consideravam possível. A entrada da União Soviética na guerra também aumentou o temor de uma ocupação comunista do Japão, o que era visto como uma ameaça existencial ao sistema imperial. Diante desses eventos, o Imperador Hirohito, que até então havia adotado uma postura mais passiva, decidiu intervir diretamente. Em uma reunião histórica do Conselho de Guerra em 10 de agosto, Hirohito declarou que a continuação da guerra só traria mais sofrimento ao povo japonês e que era hora de "suportar o insuportável" e aceitar a rendição. Sua decisão foi influenciada não apenas pelas bombas atômicas, mas também pelo temor de que a resistência contínua levaria à destruição completa do Japão. Mesmo após a decisão do Imperador, houve uma tentativa de golpe por parte de militares que se opunham à rendição. Na noite de 14 de agosto, um grupo de oficiais liderados pelo Major Kenji Hatanaka tentou tomar o Palácio Imperial e destruir a gravação do discurso de rendição de Hirohito. O golpe falhou, e na manhã de 15 de agosto, o Imperador anunciou a rendição do Japão em uma transmissão de rádio sem precedentes, conhecida como o "Jewel Voice Broadcast". A rendição formal ocorreu em 2 de setembro de 1945, a bordo do USS Missouri, marcando o fim oficial da Segunda Guerra Mundial. A decisão de Hirohito de se render foi um momento decisivo na história do Japão, encerrando anos de conflito e abrindo caminho para a reconstrução do país sob ocupação aliada. Após a rendição do Japão em 1945, os Aliados impuseram três condições principais: ocupação do país, desmilitarização e remoção do imperador Hirohito. O governo japonês, no entanto, insistiu na preservação da monarquia, temendo que sua remoção levasse ao caos interno. O general Douglas MacArthur, comandante das forças de ocupação, também considerava que a manutenção do imperador poderia garantir estabilidade, evitando que o Japão seguisse o caminho da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, quando a queda do kaiser e a criação da República de Weimar contribuíram para o surgimento do nazismo. Assim, os EUA aceitaram manter Hirohito, desde que ele renunciasse ao seu status divino e assumisse um papel apenas cerimonial na Constituição de 1947. O uso de armas nucleares contra populações civis levantou questões éticas e morais na época, o que suscitou ideias alternativas, como explodir uma bomba em área desabitada. No entanto, os líderes americanos da época acreditavam que uma demonstração não teria o mesmo impacto psicológico e militar que o uso real das armas. Além disso, havia a preocupação de que uma bomba falhasse durante uma demonstração, o que poderia encorajar o Japão a continuar resistindo. A decisão de usar as bombas foi, portanto, baseada em uma combinação de considerações práticas e estratégicas, embora isso não diminua a gravidade das consequências humanitárias. Por outro lado, as bombas também serviram como um alerta para os perigos da guerra nuclear. O sofrimento das vítimas de Hiroshima e Nagasaki, conhecidas como "hibakusha", tornou-se um símbolo dos horrores da guerra e da necessidade de buscar a paz. As cidades reconstruídas hoje abrigam memoriais e museus dedicados à promoção do desarmamento nuclear e à educação sobre os efeitos devastadores das armas atômicas. Assim, entendemos que toda história tem no mínimo dois lados, mas a verdade sempre paira sobre os fatos, resultando que simplificações morais ou exaltações ufanistas criam narrativas que somente interessam àqueles que desejam ter o controle da História. “ E se todos os outros aceitassem a mentira imposta pelo Partido – se todos os registros contassem a mesma história –, a mentira tornava-se história e virava verdade. ‘Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado’, rezava o lema do Partido. (…) O passado, refletiu ele, não fora simplesmente alterado; na verdade fora destruído. Pois como fazer para verificar o mais óbvio dos fatos, quando o único registro de sua veracidade estava em sua memória?” (Winston, personagem do livro “1984”). Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 52 edição de Março de 2025 – ISSN 2764-3867

  • A Ramificação do Mal

    Como definição de ramo podemos dizer que é a divisão ou subdivisão de algo, como por exemplo de galhos de uma planta, originando-se de outro galho ou de um caule. Diferentemente do efeito da simbiose, na qual dois ou mais seres se juntam por um interesse comum, a ramificação é quando um ser maior se subdivide para alcançar seu objetivo. Como um rio que se divide em filetes buscando o caminho do mar. A ramificação do mal difere-se da simbiose, justamente, porque um de seus membros é derivado de outro ser nefasto, que, como forma de buscar propagar sua intenta abissal, dividir-se-á quantas vezes conseguir para então abocanhar sua presa. Como não falar em Saul Alinsky, fundador, mesmo que de forma indireta, de aproximadamente quarenta e quatro organizações não governamentais, todas elas engajadas em promover a revolução. Até mesmo o Ex-presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, figurou como ativista. O sociólogo gramscista espalhou diversas organizações e fomentou a instabilidade através da revolução naquele país, tendo sua obra “Regras para Radicais” (tradução livre), influenciado milhares de ativistas, sejam de grupos raciais, feministas, pautas LGBT, ambientalistas e outras tantas. Importante ver um exemplo de simbiose entre o ativismo revolucionário e o crime organizado no trecho do Mestre em Geográfica Antônio Carlos : “ Na sua juventude, na década de 1930, Saul Alinsky foi apresentado ao famoso ”Al Capone” e sua gangue, onde teve estreita aproximação com o número 2 da máfia (Frank Nitti), com quem confessa ter aprendido bastante sobre a organização criminosa de Al Capone, absorvendo todas as táticas que a máfia utilizava para se manter a organização poderosa (e criminosa) que foi”. A grande diferença entre os seres simbióticos e os ramificados é justamente o fato de que os primeiros podem se unir para buscar algo, no caso o mal em comum, já os ramificados, muito mais perigosos, são facetas diferentes do mesmo ser, não havendo o ponto em que se confrontam. Um outro exemplo curioso é o do dragão vermelho , gigante nação asiática socialista, que ora realiza uma espécie de simbiose com metacapitalistas ávidos por lucro e poder, no segundo caso por serem de natureza progressista mesmo, ora tal nação prefere incentivar o crescimento de empresas parceiras de origem local para que se tornem gigantes internacionais. Uma pequena pausa para reflexão, realmente é inacreditável que possam assumir que exista alguma grande empresa de porte considerável crescendo na sombra do Partido naquele país sem constatar que tal corporação é, na verdade, um órgão governamental que tem uma figura interpretando ser o proprietário. Basta ver o caso da “suposta” espionagem praticada por uma empresa de telecomunicações daquele país e a forma que a ditadura atuou em defesa da empresária, algo como o resgate de uma espiã capturada, ou ainda mais grave, o estranho desaparecimento de um empresário do ramo de exportações, que aparentemente desagradava o regime, tendo, logo em seguida reaparecido, mas com uma atitude bem mais amistosa em relação aos tiranos. Assim como as organizações criadas pelo sociólogo gramscista, trais empresas parecem ter sido criações do regime socialista que comanda a nação mais populosa do mundo, sendo ramificações de tais seres, que servem de instrumentos para atingir seus ignóbeis objetivos. Na América Latina as coisas não foram diferentes, a metodologia é a mesma, por mais que nomes se alterem, como podemos observar a parceria entre grandes empresas e governos tirânicos, tivemos em nosso país s chamadas “campeãs nacionais”, o entrelaçamento entre metacapitalistas e um plano de tomada de poder orquestrado, que por vezes era nutrido pela corrupção, por outras bençãos governamentais, ou, somente pela vontade de ver a submissão às pautas progressistas. O ativismo revolucionário parece ter afetado os mais poderosos de tal forma que a simbiose está causando um grande estrago em suas mentes. A ramificação do mal também pode ser vista a olho nu, movimentos sociais e sindicatos patrocinados por agremiações políticas, organizações não governamentais que se banqueteiam de incentivos estatais, mudando até mesmo a nomenclatura para organizações sociais com o fim de receber diretamente verbas públicas, lei de incentivo à cultura sendo usada para aliciar nomes influentes e farta verba destinada aos veículos de comunicação comprando a simpatia de quem deveria relatar de forma equidistante. Ramificam-se as teses que defendem o desconstrutivismo e propagam cada vez mais o sentimento revolucionário, ao mesmo tempo em que apertam o enforcador quando duas pautas nitidamente progressistas se chocam, fazendo com que a “reinvenção dos fatos”, a pós-verdade , convença os idiotas úteis a abrir mão de toda sua vontade em submissão aos desmandos dos artífices da revolução. Curioso espiar como feministas reagem ao avanço de homens, que se declaram mulheres, em áreas de atuação diferenciada, silentes ao perceberem que uma mulher se vê constrangida a prática de esportes, inclusive de contato, contra seres cuja constituição física resulta em uma flagrante vantagem. A aceitação passiva de grupos LGBT quando a ditadura chinesa trata homossexuais como doentes, mas não aceitam que um sacerdote, não queira celebrar a união entre duas pessoas do mesmo sexo com base e suas convicções, ou pedem a demissão por conta da opinião de u atleta já consagrado, e o pior, tal pedido é acatado por um grupo que prefiro não adjetivar, aceitando a pressão de uma empresa outrora associada a um regime abjeto, a FIAT , “ A famosa Fabrica Italiana Automobili Torino tem sua vida pública menos associada a Hitler e mais ligada à Itália Fascista de Mussolini ”. Não é justo deixar de mencionar a relação entre o socialismo e o crime organizado, em verdade, há dois tipos de coexistência entre ambos. No primeiro caso pode-se mencionar o chamado Jogo do Bicho, a contravenção, que parece ter um comportamento cujo objetivo central é o poder econômico, associando o uso da violência e a rentabilidade, mafiosos dos quais a esquerda socialista não faz a menor questão de se distanciar, acima isso já foi exposto, mas no Brasil temos como exemplo o caso envolvendo Carlinhos Cachoeira, acusado de financiar políticos e até a imprensa. Por fim, não em caráter de simbiose, mas de ramificação da revolução, temos o narcotráfico, e porque não chamar pela definição mais correta, GUERRILHA NARCOSSOCIALISTA , sim, é uma braço armado do socialismo latino-americana e dá continuidade a luta armada. Diferente do que muitos pensam, eles não desistiram das trincheiras para ir aos debates acadêmicos, apenas colocaram pessoas demasiadamente desinformadas para ficar de frente no combate enquanto as movimentam como peças em seu tabuleiro doentio. As facções criminosos resultam do aliciamento político de marginais para lutarem uma guerra contra a sociedade, tanto que lhes foi dada a proteção acadêmica e política, a narrativa de que são vítimas da sociedade os faz ser a antítese de um estado de coisas que os fez caírem na marginalidade, logo, se sente impelidos a reagir, embora suas ações não sejam contra aqueles tiranos que realmente massacram o povo, estão a serviço justamente dos déspotas que os insuflam contra o cidadão de bem, tem sua moral despida, são escravos das drogas que comercializam, tornando-se idiotas úteis com armas de guerra nas mão. Assim como grupelhos revolucionários, são amados pela grande mídia e, por vezes, protegidos por autoridades, que são capazes das piores sandices para garantir que esses agentes do caos sob seu comando inconscientemente aterrorizem cada indivíduo, fazendo-o incapaz de erguer a cabeça contra os abusos. Nota-se que é uma prática latino-americana, não se dá de forma exclusiva no Brasil, sendo seu maior exponente as FARC, mãe do partido colombiano Comuns (mudou o nome para se dissociar da organização criminosa, qualquer semelhança é a imaginação do leitor). Façamos um exercício mental para compreender como o cerceamento de liberdades parece ser incentivado contra os bons e é rechaçado quando se fala dos guerrilheiros, como a energia usada para fechar estabelecimentos comerciais ou exigir uso de mascarás e vacinas poderia ser direcionada contra as facções do crime organizado. Ao mesmo tempo que se busca impedir operações policiais em comunidades, relegando os moradores ao julgo de criminosos, tentam autorizar a demissão de não vacinados sem nunca ter autorizado a demissão de usuários de drogas. O fruto do mal, por sua vez, é a colheita por realizada por aqueles que semeiam o caos, trata-se da imposição de um sistema totalitário em uma sociedade adoecida por tudo aquilo que foi implementado pelos agentes do socialismo, mesmo que de forma inconsciente, a degradação da vida em sociedade fará com que os indivíduos, arrebanhados por grupos que dançam a valsa da morte acoitem aqueles que tentam-se manter livres e implorem por um feitor que os escravizem. Eles se diversificaram, se enraizaram e não desistirão tão fácil, é necessário entender que estas faces têm um só coração, o socialismo a maior chaga da humanidade. “ Um rei governa súditos propensos a aceitá-lo, um tirano governa quem não o quer.” escreveu George Buchanan, influente erudito escocês do século XVI. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 12 edição de Maio de 2022 – ISSN 2764-3867

  • O faraó do Êxodo

    Moisés é o homem mais importante do Antigo Testamento, não só pelo aspecto histórico, mas também pelo teológico. Sua jornada com Deus é incomparável e algumas passagens deixam isso bem claro, como, por exemplo, Números 12:6-8 , “E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o Senhor, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do Senhor; (…)”. Moisés é um tipo de Cristo, não só pelo viés tipológico, mas também pela narrativa profética. E um desses pontos cristofânicos tem passado despercebido pelo senso cristão comum: o genocídio que antecede a vinda do Messias. Pois assim como uma execução ordenada em larga escala se seguiu à preservação da vida do jovem hebreu que viria a ser o libertador do seu povo, assim também ocorreu por ocasião do nascimento de Yeshua, quando da execução ordenada por Herodes. Pode parecer uma mera coincidência, mas se tivermos a frieza dos “teóricos da conspiração” para juntar as subliminares peças do quebra-cabeça espiritual que envolve essa geração, veremos – aliás, já estamos vendo – algo bem estranho acontecer com nossas crianças e jovens saudáveis, que têm tombado dia após dia nos parques, nas quadras e nos ginásios. Vamos falar sobre isso em textos subsequentes, porque aqui nos limitaremos a tratar das raízes históricas do primeiro evento. Assim como Moisés é um tipo de Cristo, o Faraó, por sua vez, é um tipo de anticristo. Ele não é o único, por óbvio, Ninrode e Nabucodonosor também podem ser incluídos nessa categoria. Os “tipos” não necessariamente reúnem por si só todas as características da figura original, mas apenas elementos, que juntos compõem o retrato final. Na maioria dos filmes o Faraó do Êxodo é chamado de Ramessés, o que é perfeitamente compreensível, dado o fato de que esse nome aparece nas Escrituras em cinco passagens: Gênesis 47:11, Êxodo 1:11, 12:37, Números 33:3 e 33:5 . A questão é que em nenhuma dessas passagens o nome Ramessés faz referência direta a um rei, no caso, o do Egito, mas sim a uma região ou uma cidade, o que não nos dá a certeza absoluta de que o homem que confrontou Moisés tem esse nome. Então que seria ele? Para tentarmos responder a essa pergunta desafiadora, temos que inicialmente determinar, ainda que de modo aproximado, o período em que os israelitas deixaram o Egito, o que por si só é um desafio, visto que os livros convencionais de história foram “convencidos” a deixar esse evento de lado, de tal forma que é possível encontrar alguma coisa sobre ele em obras até o final dos anos 80, depois disso foi ficando cada vez mais vago. Estamos falando de 430 anos de convivência, e que depois se transformaram em cativeiro ( Êxodo 12:40-41 ). É deveras notável não existir uma linha sobre isso em Heródoto. Absolutamente nada sobre a presença israelita em terras egípcias. Mas será que não há, mesmo? O recorte do célebre historiador, que reputo como um dos mais confiáveis da história, dada a vastidão de detalhes e minúcias que os seus relatos trazem, é mais descritivo do ponto de vista sócio-econômico do que precisamente histórico. Mas se observarmos algumas informações que ele dá acerca da rotina egípcia, encontramos pontos interessantes, como, por exemplo: “Ao contrário dos outros povos, que deixam as partes sexuais no seu estado natural, eles adotam a circuncisão ” e “Os egípcios olham os porcos como animais imundos. Se alguém toca indevidamente num deles, ainda que seja de leve, vai logo mergulhar no rio, mesmo vestido”, ou ainda “É vedada às mulheres a função de sacerdotisa de qualquer deus ou deusa: o sacerdócio é reservado aos homens” ( Heródoto, História, vol. I, Livro 2, Editora Nova Fronteira ). As duas primeiras observações estão ligadas intimamente à história ancestral dos hebreus. A circuncisão foi instituída por Deus no capítulo 17 de Gênesis, e o contexto é bem curioso. Abraão, que foi o primeiro homem a receber de Deus a ordem para circuncidar, já havia estado no Egito! Inclusive, ele tinha uma serva egípcia chamada Agar, que lhe deu seu primeiro filho, Ismael, que está na raiz dos povos árabes e assim por diante, enfim. Se observarmos o modo como as Sagradas Escrituras Judaico-Cristãs se referem ao Egito, especialmente de forma profética, é impensável que Jeová pudesse ter “importado” uma prática cerimonial egípcia e transformado-a em sinal de uma de suas alianças com a humanidade e, para ser mais preciso, com o seu povo escolhido. Quando os hebreus adentraram o Egito, na época de Jacó, que já era Israel, e José, o governador, eles levaram a prática para dentro das terras do faraó. E a influência, poder e autoridade de José eram tão grandes ( Gênesis 41:44 ), que não seria nenhum absurdo aceitar que depois de 430 anos de convivência, boa parte dela pacífica, que a prática tenha sido absorvida pelos egípcios. Assim como a rejeição ao porco, que embora tenha sido determinada por Deus aos hebreus de forma incisiva somente após a saída do Egito, nos livro de Levítico e Deuteronômio, não faria sentido, como no caso da circuncisão, ser uma prática importada do misticismo egípcio, podendo ser colocada mais na antiga sabedoria herdada desde os tempos do dilúvio. De qualquer modo, Heródoto não pode nos ajudar muito nessa questão acerca do Faraó do Êxodo. Em sua estupenda “Introdução Socioliterária à Bíblia Hebraica” o professor Norman Gottwald, após pertinentes ponderações, considera algo próximo ao século XIII a.C. como sendo uma das opções mais plausíveis acerca da data do êxodo, ainda que não descarte totalmente uma possibilidade mais remota, o século XV, tendo até citado o nome do Faraó que estava no poder: Tutmósis III. Cita, por fim, um estudioso, sem mencionar-lhe o nome, que acredita que o êxodo se deu sob o reinado de Ramessés III (1176-1145), expondo um argumento interessante. Enfim, temos um ponto de partida. Ainda que um espaço de tempo de três séculos não seja algo assim tão animador. Flávio Josefo, outra fonte íntegra, nos dá detalhes fabulosos sobre a volta de Moisés ao Egito, mas em nenhum momento menciona o nome do Faraó que recebe o hebreu do exílio. Champlin, PhD, sugere que não Tutmósis III, mas seu filho, Amenófis II, estaria no trono no período do êxodo. Aí estaríamos falando de algo próximo a 1440 a.C., e ainda dentro do contexto do século XV e acrescenta que além dessa alternativa, ainda poderia ser levada em consideração a hipótese de Ramessés II estar envolvido no evento, e então voltamos ao século XIII (Champlin, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Hagnos). Um dos métodos mais eficientes utilizado para datar o êxodo foi tomar como base a conquista de Canaã por Josué, mais especificamente a tomada de Jericó, que com mais evidências históricas do que a saída do Egito ocorreu por volta de meio século após o êxodo, essa, de fato, uma informação pertinente. Eruditos se debruçam sobre datas que vão de 1400 a.C. a 1350 a.C. Diversas cronologias foram traçadas, envolvendo, além da conquista de Canaã até a construção do Templo por Salomão, em 967 a.C. “As considerações bíblicas dão a entender cronologias mais longas antes e depois do êxodo. Nessa base é razoável considerar cerca de 1450 a.C. como uma data para o êxodo, dando margem para a migração de Jacó e seus filhos, na era quando os hicsos mantinham supremacia sobre o Egito” (Schultz, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. Vida Nova). E então voltamos ao século XV. Concorda com isso Peetz: “A estada no Egito teria durado de 1876 a 1446 (…)” (Peetz, Melanie. O Israel Bíblico. Paulinas) . E destas conclusões tomamos que “Tutmés (ou Tutmósis) III morreu por volta de 1450, e seu filho legítimo, Amenófis II, sucedeu-lhe sem dificuldade”  (Lévêque, Pierre. As Primeiras Civilizações. Edições 70) , o que converge com a ideia de Champlin, no início do parágrafo. Enfim, longe de querer “bater o martelo” de forma conclusiva, o que temos são dois períodos que representam duas linhas de estudo para determinar o êxodo, que são o século XIII e o século XV. Mas se tivéssemos que optar por aquele que apresenta, ainda que de forma discreta, um número mais robusto – se é que isso é possível neste caso – de evidências arqueológicas e históricas, ficaríamos com o segundo período e, desta forma, aceitaríamos sem muitos problemas que quando Moisés retorna ao Egito após um longo exílio na Terra de Midiã, quem está no trono é Tutmés (ou Tutmósis) III, enteado de Hatshepsut, a única mulher a sentar no trono de um Faraó e reinar no Antigo Egito, por conta da menoridade do herdeiro legal do trono. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 52 edição de Março de 2025 – ISSN 2764-3867

  • Os Unidos do Tuyutí

    O dia 24 de maio de 1866 representa para a história da América Latina, como o dia em que ocorreu a mais sangrenta batalha ocorrida em solo sul-americano – a Batalha de Tuiuti. Contando com a participação de mais de cinquenta e cinco mil homens, aquela batalha marcou a consolidação das vitórias da Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai) durante a Guerra do Paraguai, e que culminaram com a morte do presidente paraguaio Francisco Solano López e a rendição paraguaia. Conhecida na Argentina e no Uruguai como a Guerra da Tríplice Aliança; como Guerra Grande, Guerra Contra a Tríplice Aliança ou ainda Guerra-Guaçu no Paraguai, aquela guerra consta dentre os registros históricos mais importantes de nossos vizinhos ao sul. Este é o tema que pretendemos apresentar e sobre o qual buscaremos refletir, com foco especial em Tuiuti. A região do Rio da Prata, um estuário que reúne as águas dos rios Paraná e Uruguai, desde o período joanino foi de fundamental importância para o acesso e as trocas comerciais com as províncias do centro-oeste e sul do Brasil. Importante não só para o Brasil, mas também para o Paraguai, Argentina e Uruguai. Em termos estratégicos, quem obtivesse o controle da navegação daqueles rios, teria também o controle geopolítico da região sul das américas. Particularmente a região da Cisplatina, conquistada em 1816 no período de D. João VI e perdida em 1828 durante o primeiro reinado de D. Pedro I, já havia sido alvo de disputas entre Brasil e Argentina, abrindo espaço para o surgimento do Uruguai como Nação independente, tendo a Inglaterra como mediadora. No contexto de disputa geopolítica e de divisões internas observadas no penúltimo quartel do século XIX, o Uruguai se encontrava em guerra civil, dividido entre as forças oficiais de Atanásio Aguirre e os rebeldes comandados por Venâncio Flores. Paralelamente o governo brasileiro já havia enviado sua diplomacia para discutir aquelas questões políticas internas e a questão dos estancieiros brasileiros, proprietários de terras no Uruguai e que vinham sofrendo ataques e assaltos, tendo muitas de suas cabeças de gado roubadas naquelas incursões. A questão se arrastava desde junho de 1864 sem solução, quando novos fatos precipitaram o início do conflito. Em agosto o governo brasileiro ameaçou promover uma intervenção no Uruguai caso não houvesse solução para a questão dos estancieiros e o fim da guerra civil. No mesmo mês o Uruguai rompeu relações com o Brasil e, em outubro o Uruguai foi invadido pelas tropas do império brasileiro. Em novembro, percebendo a ameaça que poderia representar a invasão do Uruguai, e temendo o aumento da influência brasileira na região, o governo paraguaio como forma de retaliação, apreende o navio a vapor brasileiro Marquês de Olinda e, em dezembro declara guerra ao Brasil, invadindo em seguida Corumbá e Dourados no Mato Grosso (atualmente localizados no Mato Grosso do Sul), além de assentamentos próximos. Solano López intentava expandir o território paraguaio, ocupando o Mato Grosso, o Rio Grande do Sul, as regiões de Corrientes e Entre Rios na Argentina e por fim o próprio Uruguai. O sonho expansionista de López visava a formação de uma “grande pátria” paraguaia, que faria frente ao império brasileiro e garantiria o controle da navegação dos rios Paraná, Uruguai e do conjunto do Rio da Prata. O acesso exclusivo ao comércio atlântico garantiria riqueza para o Paraguai e tornaria o centro-oeste brasileiro uma região difícil de acessar e manter. Mesmo com a assinatura do Tratado da Tríplice Aliança em 1865, entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai (já pacificado), este fato não impediu a incursão das tropas paraguaias na Argentina e a ocupação de Uruguaiana no Rio Grande do Sul. A crença era de que o conflito seria breve e a vitória fácil, dada a superioridade numérica dos aliados, seu maior poderio bélico e seus artefatos tecnologicamente mais modernos. Entretanto, os rios eram domínio das forças paraguaias e seu avanço também em terra somados às suas vitórias, punham em questão a capacidade dos aliados de vencerem o conflito. Porém, ainda em 1865 com a vitória na Batalha de Riachuelo e a retomada de Uruguaiana, as forças paraguaias sofrem um revés, ainda não o suficiente para diminuir o seu ímpeto. A meta dos aliados após Riachuelo, era a conquista de Humaitá. A jornada iniciou ao cruzar o rio Paraná e a efetiva invasão do território paraguaio. Região pantanosa e era de dificílimo progresso para as tropas de infantaria e cavalaria. De igual modo o transporte de peças de artilharia se demonstrava tarefa penosa para as tropas. Por fim, atacar e conquistar o conjunto de fortificações de Humaitá demandaria inúmeras perdas humanas e despesas. A base de operações dos aliados foi instalada em meados de maio, no encontro dos rios Paraguai e Paraná, às margens da Laguna de Tuyutí, cerca de 14 quilômetros de Humaitá. A região foi escolhida por ser de terreno seco, algo pouco comum na região. O avanço das tropas encontraria juncos, areais espinhosos e pântanos até chegar às forças paraguaias, e contou com outro adversário: a cólera. A epidemia fazia numerosas baixas entre os aliados, tornando a missão ainda mais difícil. Outro ponto era a relação de espaço versus contingente alocado. Cerca de trinta e dois mil homens, cavalos e equipamentos, ocupando uma área de aproximadamente 1000 hectares de terra. Espaço exíguo para um acampamento militar e para a perfeita movimentação de tropas com tal contingente. De acordo com as estratégias militares, consolidadas por milênios de experiências em batalhas campais, atacar um inimigo em sua fortaleza, expõe as tropas a um cenário extremamente adverso. Certamente não seria a estratégia preferida de qualquer general, ainda mais diante das dificuldades de avanço, o cansaço e a epidemia. Ainda assim, o ataque foi marcado para 25 de maio de 1866, porém, Solano López fora alertado da proximidade das tropas da Tríplice Aliança e decidiu surpreender a todos - incluindo seus generais - ao propor um ataque preventivo e de surpresa ao acampamento aliado. Usando de eufemismo, a estratégia era ‘inovadora’ porque pretendia lançar a cavalaria à frente da infantaria. Algo completamente surpreendente segundo as técnicas usuais de combate da época, que aplicavam inicialmente a artilharia e a infantaria, utilizando a cavalaria para finalizar os combates. Apesar de sui generis, a seus generais pareceu exequível e, considerando que não era possível a qualquer general paraguaio se opor a uma ordem vinda de Solano López, restava pôr em ação seus vinte e quatro mil homens, divididos em quatro colunas: duas à frente, uma na retaguarda, e uma a leste do acampamento aliado. Antes de prosseguir, cabe destacar que as forças aliadas não conheciam o terreno que intentavam conquistar, desconheciam o poderio bélico paraguaio e não buscaram fortalecer as defesas do acampamento, contando com a aspereza do meio-ambiente como impeditivo para que o inimigo abandonasse sua base segura. A exceção àquela quase consensual displicência estratégica entre o comando aliado foi o tenente-coronel Emílio Louis Mallet, comandante do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo do Exército Brasileiro, que ordenou que fossem cavados fossos largos e profundos e que, fossem também encobertos por vegetação para servirem como elemento surpresa e impeditivo para o avanço inimigo. Tal preparativo, além de manter seu regimento constantemente em prontidão, foram o elo forte que manteve firme a resistência e posterior vitória aliada na batalha. Os preparativos de Mallet foram vivamente criticados por seus pares que consideravam desonroso qualquer fuga ao combate aberto, homem a homem. A inversão da lógica de batalha pretendida por Solano López, associada à postura de Mallet de atenção à defesa de seu flanco na vanguarda do acampamento e, a ampla vantagem oferecida pelos canhões e fuzis raiados, que davam maior precisão no disparo, deram a vitória aos aliados. A desproporção numérica de vinte e quatro mil paraguaios contra trinta e dois mil aliados não teria sido suficiente para garantir a vitória. O terreno impróprio para uma batalha campal, as sólidas fortificações inimigas, o desconhecimento do terreno e do próprio inimigo contavam contra. O ataque que deveria ter ocorrido ao raiar do sol do dia vinte e quatro de maio, foi adiado em função da espessa neblina de maio que se abatia sobre a região pantanosa. Apenas nas proximidades do horário do almoço é que os primeiros tiros foram ouvidos, enquanto às centenas, os infantes paraguaios erguiam suas espadas em direção ao acampamento. Os canhões raiados franceses La Hitte, abriram clarões nas colunas formadas pelos paraguaios. Homens e cavalos eram despedaçados enquanto outros caíam no fosso de Mallet (bendito fosso!). As posições aliadas menos preparadas, em pouco tempo se reorganizaram e rechaçaram o ataque usando tanto quanto possível a artilharia. Os corpos se sobrepunham durante a carnificina e aos milhares os paraguaios eram mortos. Também entre os aliados as baixas foram sentidas, em número menor, possivelmente em razão dos mosquetes de pederneira e fuzis não raiados dos paraguaios, o que diminuía a prontidão de uso e a precisão de tiro. Quase seis horas depois dos primeiros disparos, os sobreviventes paraguaios desataram em debandada apressada. Os aliados contavam perto de mil mortos e quase três mil feridos; entre os paraguaios estima-se que tenham tombado em torno de seis mil homens e entre os feridos um pouco mais de sete mil. Foi uma enorme derrota para Solano López. Quanto aos aliados, elevou em muito o moral das tropas e proporcionou a partir daquele 24 de maio o ponto de inflexão que levou à vitória final da Tríplice Aliança em março de 1870. Alterando drasticamente nossa análise dos fatos ocorridos entre 1864 e 1870, e avançando para a atualidade, quando lançamos o olhar sobre o cenário eleitoral e político de 2022, mais uma vez constatamos que há muito o que aprender com a história. Assim como na de Tuiuti, não se pode contar com a superioridade numérica. Mesmo diante de manifestações e motociatas que literalmente tomam as ruas, deixando obvia a ampla maioria sobre o eleitorado de oposição, as estratégias adversárias podem tentar subverter a lógica e nos pegar de surpresa. Jamais devemos nos esquecer que, enquanto soldados defensores de valores que transcendem a nós mesmos, ocupamos espaços ainda diminutos, estando cercados por uma ‘região pantanosa’ repleta de juncos, formada ao longo de quase cem anos de história do Brasil. Estes pântanos são formados pelas instituições e órgãos de Estado que se encontram aparelhadas e resistem contra a alteração do status quod. Os juncos são compostos por funcionários públicos, sindicatos, militantes e ONG’s que igualmente resistem ao avanço das ideias e práticas ligadas ao conservadorismo e à libertação do povo brasileiro. Assim como as tropas aliadas, não conhecemos o território no qual avançamos, visto que permanecemos por décadas na segurança de nossos lares, completamente alheios à realidade cruel do ambiente político e hipnotizados pelas mídias compradas. A cavalaria foi utilizada em Tuiuti como primeiro artifício, invertendo a lógica das batalhas. Nos tempos atuais a cavalaria assume a forma dos condutores da informação, ágeis e capazes de derrubar qualquer um que se ponha a sua frente. Subvertendo a lógica do conhecimento, a informação trazida pela ‘cavalaria’ supõe colocar-se acima dos fatos, mas ante a potência dos canhões da realidade, é despedaçada e vencida. Por outro lado, de sorte que contamos com a liderança de um ‘capitão Mallet”, sempre atento às possibilidades de ação dos adversários da Pátria. Tantas vezes seus alertas e suas ações preventivas são tratadas com desdém e tidas como “sem fundamento”. O fosso representado pelos valores da família, da fé em Deus e da defesa da Pátria, garantidos pelo nosso Mallet moderno, é que tem impedido que o inimigo não tome de assalto e de uma vez por todas o nosso acampamento. Segundo analistas da época, um dos maiores erros estratégicos das forças aliadas foi não ter marchado no rastro dos fugitivos, dando-lhes a chance de se reagruparem após a derrota que sofreram em Tuiuti. Igualmente, ainda há entre nossos aliados contemporâneos aqueles que entendem a ocupação e manutenção de nosso acampamento como um fim em si mesmo. Não! Devemos partir e conquistar o quanto antes as posições defensivas de nossos adversários, posto que estão sempre buscando realinhar fileiras contra nós. Concluímos que no século XIX o controle dos rios Paraná e Uruguai, conduziam à riqueza e prosperidade os seus controladores e consequentemente a perpetuação de seu poder. Em nosso passado recente, percebemos que os rios estatais que poderiam servir ao bem comum da população brasileira, na verdade sangravam nossas riquezas e vinham sendo controlados pelos que sempre buscaram se perpetuar no poder, mantendo cativos o pensamento e as potencialidades de nosso povo. Finalmente, para que nossa batalha não se estenda por muitos anos, vamos enfrentar o pântano, o junco, a cavalaria inimiga, seguindo em frente rumo a ‘Humaitá’, a ‘Assunção’ e finalmente derrotaremos o exército vermelho do ‘Solano López’ contemporâneo, e sua ideologia da “grande pátria” da América Latina. Se antes apresentavam fuzis e mosquetões, agora suas armas são a foice e o martelo. Estejamos atentos! Brasil acima de tudo, Deus acima de todos! Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 12 edição de Maio de 2022 – ISSN 2764-3867

  • A Simbiose do Mal

    Não é de um anti-herói ou vilão dos quadrinhos que pretendo escrever, embora a natureza da personagem seja naturalmente ligada ao que será abordado, não se trata de uma ficção a simbiose em questão. O conceito de simbiose é a coexistência entre dois seres vivos de espécies diferentes com benefícios, ao menos aparentes, para ambos os seres, também é chamada de mutualismo, por pressupor uma reciprocidade, ainda que em desequilíbrio, entre ambos. Há de se falar de associações entre seres vivos que são denominadas de formas diversas justamente em razão dos benefícios das partes envolvidas, a saber, o comensalismo, no qual apenas um dos lados obtém vantagens, sem causar prejuízos ao seu coabitante, e o parasitismo, em que uma parte se locupleta da outra. A simbiose pode se transformar facilmente em uma das uniões citadas, mas ainda que não o faça, o mutualismo pode ter os piores fins possíveis, tornando-se um mal de grandes proporções, ainda que conserve sua natureza, bastando, para tanto, que seja a associação essencialmente vil. Sendo possível uma simbiose com um fim espúrio, poder-se-ia imaginar que ambos os seres que dela fazem parte se beneficiam para causar o mal, o que é a mais triste verdade, entretanto, como cita um amigo, “sempre haverá um entretanto”, se a associação entre dois parasitas poderia ser boa para ambos, alguém lhes servirá de alimento. Tratando da famosa simbiose dos quadrinhos, vislumbra-se a união de forças para os fins errados em um dos antagonistas do enredo, denominado Carnificina (nome original Carnage), posto que, comunga um ser alienígena desprovido de moral e o psicopata Cletus Kassady, logo, duas forças malignas que se somam. Voltando ao mundo real, pena que tal simbiose não ocorra apenas na ficção, podemos espiar inúmeros casos em que seres se unem com o fim de se beneficiar mutuamente, mas fazendo o mal a alguém que servirá de “hospedeiro”, o termo correto seria vítima, de tal união. Algumas associações podem aparentar fins justos, outras deixam claro que seus objetivos não são nobres e, há aquelas que não podem ser declaradas abertamente, pois sua natureza é tão abjeta que devem viver nas sombras, ao menos até que tenha a força de se sustentar mesmo ante da ojeriza por parte daqueles que podem ver sua verdadeira face. Com os ditos fins justos, preciso voltar a ficção para me fazer entender, poder-se-ia imaginar uma associação supranacional que tem por fim a paz entre os povos, mas que gradualmente subtrai-lhes a soberania tornando-os reféns de uma elite central. Claro que somente em livros e filmes podemos experimentar tais figuras. Uma outra possibilidade, trazida à luz pelo, à época, Ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, seria o uso do Poder Judiciário por partidos políticos para obter resultados que não conseguiram nas urnas, e por consequência, nas casas legislativas, in verbis: “ De início, é dado presumir, não estou afirmando que isso ocorra, que esses partidos não são da sustentação do Governo, que esses partidos são de oposição e utilizam o Supremo como instrumento para fustigar, a partir de n presunções, a partir de verdadeiro ranço, no que se tem a origem da Agência Brasileira de Inteligência – Abin, o SNI, o Serviço Nacional de Informações, o Governo – de direita ”. (STF: Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.529 DF). Onde podemos perceber que pode ocorrer a simbiose entre partidos e o judiciário, ou entre estes e o Ministério Público, fazendo que o povo acredite em ações que na verdade são jogadas ensaiadas, uma vez que, o autor da ação sabe o que esperar dos julgadores. Estaríamos diante, não apenas da judicialização da política, mas de julgamentos preordenados, já que conhece-se a postura dos magistrados antes mesmo de se ajuizar a ação, de maneira que, participando ativamente de embates políticos e exteriorizando suas posições antes mesmo de provocados, alguns julgadores dão pistas de quais decisões tomariam em determinados casos, deixando assim o autor da ação confortável em recorrer ao Poder Judiciário e sustentar suas teses, sabendo que aquele que julgará a ação comunga de suas pautas e não faz questão de esconder seu amor ideológico por elas. Para entender as uniões por motivos não tão nobres pode-se ver, no mundo real, a trágica proximidade entre o Talibã e o Partido Comunista Chinês que garante ao primeiro, claro que com a complacência dos Estados Unidos da América, total ingerência sobre o povo do Afeganistão e ao segundo a liberdade para “reeducar” uigures em seu território. A hipótese mais sinistra (termo que está em Português, mas serviria muito bem se estivesse em italiano) de simbiose é aquela que não se revela até ter certo poder que lhe garanta a subsistência apesar do mal que se traduz nela. Um fatídico exemplo é o Foro de São Paulo, cuja existência era negada pela esquerda latino-americana, entretanto, após se permear nas estruturas de poder, saiu das sombras por saber-se protegida em razão de sua força política. A simbiose do mal existe em inúmeros casos, mas não deve ser confundida com a ramificação do mal, pois tem a natureza de juntar mais de um artífice da destruição, como sindicatos que se unem aos governos e a pior espécie de empresários para fazer um baile que parece uma luta. Enquanto expectadores assistem o que acreditam ser uma batalha, em verdade, contemplam uma dança bem ensaiada entre amantes que, regrados ao melhor que há, encenam de forma convincente para direcionar os menos perspicazes ao destino trágico rumo ao abate. As lideranças revolucionárias são capazes de se unir para manter-se no poder, mas se há uma justiça natural, e há, elas se autodestruirão buscando aumentar seu poder em relação ao hospedeiro, a simbiose do mal levará, inevitavelmente, os parasitas que se associam ao enfrentamento quanto um deles, ou ambos, se julgar capaz de engolir todo o hospedeiro, considerando que seu assecla ou par já não lhe é mais útil, tendo servido ao propósito para o qual se aglutinaram, tal qual Josef Stalin fizera com Leon Trotsky. A nação asiática já mencionada nutri uma relação de simbiose com uma elite metacapitalista que, por um lado alavancava o crescimento do país e por outro permitia altas margens de lucro aos empresários. O resultado, uma dependência recíproca em que um grupo tolera os arroubos do outro, ao menos, até poder fincar-lhe um punhal nas costas e jogar aos leões. Trata-se de uma inevitável ruptura, mais fica a dúvida de qual dos simbiontes sairá mais ferido dela. Há muitas simbioses que poderiam ser exploradas, contudo, é importante salientar que a característica fundamental é que a união seja entre seres diversos e não do fruto, ou ramificação, da própria criatura e a mesma, o que é ainda mais comum. Os seres simbióticos têm origem diversa e vão se unir por interesse mutuo, podendo a aliança ser duradoura ou momentânea, pode ser ainda homogênea ou heterogênea, no primeiro caso temos o Eixo na Segunda Grande Guerra, em que todos tinham o mesmo fim repugnante, bem como, a Internacional Socialista ou o Foro de São Paulo, mas sendo heterogênea pode unir forças com fins diversos como os Aliados e Soviéticos que deram-se as mão contra o nazifascismo, mas, por óbvio, qualquer aliança heterogênea deve ser momentânea e não deveria gerar simbioses, mesclar os seres em si. Decorre de tal constatação algo que deve ser refletido e pode não ter uma resposta simples, a aliança entre metacapitalistas e um país socialista não deveria ocorrer, e ocorrendo, deveria se dissolver rapidamente, sem que a membrana de ambos permitisse a união entre eles, ou, estaríamos diante de uma união homogênea em que ambos, ao seu modo buscam o controle sobre as massas e se fizeram juras matrimoniais com o fito e subtrair a autodeterminação dos povos, ou ainda pior, o livre arbítrio de qualquer um que não pertença à oligarquia dominante. A relação entre seres abissais gerará uma criatura forte porém faminta, já que as pretensões daqueles que se aglutinam com propósitos nefastos somam-se para criar uma vontade não tão única mas de força colossal, logo, uma vez retirada a abundância de alimento, no caso se vassalos, aqueles que outrora se uniram para vilipendiar aqueles que serviam de hospedeiros, buscarão alimentos em seus pares, digladiando-se até que um seja engolido ou morto. Fácil constatar que o destino das partes que se unem pelo mal é se destruírem, sendo pela fome, na falta de quem expropriar, ou pela empáfia de um ou mais de seus criadores, a simbiose do mal é sempre parasitária e precisa de alguém para se alimentar, mas tem um caráter de metástase, tentará avançar até que seu hospedeiro esteja morto ou que seja confrontada. Neste diapasão é imperioso observar que tal monstro manterá defesas caso venha a ser confrontada, podendo se insurgir contra aquele que busca se livrar dela, por vezes se vitimizando, por outras usando a força para atacar cada vez mais. Qualquer semelhança com a realidade em que vivemos é mera coincidência. Libertar-se do parasita é essencial, mas não é algo simples, pois, como mencionado, alguns desses seres só se manifestam quando já possuem raízes em órgãos vitais, não podendo ser simplesmente arrancados. Lembrando que cortar-lhes a nutrição fará com que tentem abocanhar ainda mais, tornando-os agressivos. A primeira coisa que deve ser liberta é a consciência, pois sem saber que as forças malignas estão atuando em sintonia, há o grande risco de se combater uma alimentando a outra, de maneira que não surtirá efeito lutar. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 12 edição de Maio de 2022 – ISSN 2764-3867

  • A filosofia do outono

    No dia 20 de março deste ano, celebramos a chegada do outono, a terceira estação do ano, sucede o verão e antecede o inverno. Um momento marcado pelo início da queda da temperatura e pelo amarelar e queda das folhas, mas o que há por trás desse movimento físico do planeta, e que lições podemos tirar dele? A filosofia pré socrática foi marcada pelo comportamento de característica esotérica dos filósofos da época; isso porque eles pautavam seus estudos no “por quê”, e não no “como as coisas aconteciam”. Com esse conceito, verificaram as causas e não os fenômenos. De lá pra cá, a visão mudou; agora a ciência ocupa-se no, como as coisas acontecem, investindo seus esforços nos fenômenos, o que promoveu cada vez mais o materialismo. Com tudo, ainda podemos aproveitar algumas lições daquele tempo, (que ainda é muito atual) trazendo para nosso cotidiano a inteligência que há nas forças da natureza para pautarem nossos comportamentos e nos alinharmos a elas, pois é para isso que as leis da natureza existem: Para nos servir de referência. Na tradição cristã, Jesus, é chamado de " Sol da justiça" ou " A brilhante estrela da manhã" Tinham o sol como referência, pois assim como o sol, o que Jesus emanava, fazia bem a todos, e assim como o sol, nada nem ninguém poderia pará-lo, e nele estava a vida. Nessa linha de pensamento o outono vem nos ensinar alguma coisa que, se soubermos interpretar, com certeza, nossas ações darão mais e melhores frutos no futuro. Vou descrever o esquema das estações do ano e relacioná-las às nossas ações diárias. A primavera é uma estação que promove uma energia de começo, nela há um impulso de vida fazendo com que cores e formas comecem a mostrar que " algo novo virá". Por isso vemos as folhas, flores e todo o ser vivo com um brilho diferente, com muita beleza nessa época. Podemos relacionar a primavera com nosso impulso de querer fazer algo novo, melhorar nossas ações e ambientes; teremos aí uma força para recomeçar a vida com toda a beleza que isso implica. Quem nunca achou belíssimo ver a transformação de vida de pessoas que outrora numa condição deplorável, decide retomar suas vidas fazendo florescer tudo à sua volta e dos que a acompanham? Já o verão é o fruto, o resultado de toda aquela energia da primavera que foi devidamente absorvida pela natureza e agora das flores vem o fruto, e sabemos que quanto mais melhores e belas as flores, melhores e mais belos os frutos. Quem de nós não ficou feliz em ver os projetos, planos,sonhos de pessoas próximas ou não, que com a força de uma começo ou recomeço colheu o fruto do seu esforço? O outono, estação que agora estamos, é o momento para reflexão, análise ou crítica de tudo o que fizemos, pois assim como as estações do ano, essa fase vai passar e logo virá um novo começo, com a intenção de evoluirmos, sempre. Claro que já vimos muitos amigos que após conquistarem um objetivo, agora se ocupam em planejar o futuro baseado nas suas conquistas. Por exemplo: após conquistar o emprego dos sonhos, a tarefa agora é refletir sobre tudo o que fez, quem o ajudou, tudo o que investiu... Tendo agora o amadurecimento das ideias, é hora de pensar e repensar a vida. Por fim, o inverno é o momento em que se não houver a maturidade do outono, podem surgir perguntas como: eu conquistei o que queria, mas é só isso? Não é como eu pensava. Por que apesar de tudo eu não estou feliz? Enfim, é hora de interiorizar a vida e saber que algo tem que morrer, ficar para trás e preservar as sementes que ao chegar a nova primavera, irão brotar. Claro que já vimos pessoas depressivas e insatisfeitas com suas vidas, pois após tanto esforço não estão felizes com tudo o que conquistaram, e fica a sensação de que não valeu a pena, mas o inverno tem a função de nos levar a um cenário onde veremos que precisamos recomeçar, renovar nosso ânimo, nossas ideias e convidar a primavera para um encher de vida o cenário que ao fim de um ciclo, mostra que precisamos continuar. Imaginemos uma sociedade em que um povo idealista que tem como meta um mundo melhor e logo luta por isso, vendo alguns os frutos desse idealismo, ficam ainda mais animados com a ideia, porém chegado o momento de planejar o futuro, não o fazem e quando chega o inverno, todos desanimam pois o cenário, frio, quase sem vida e com poucos recursos, parece mostrar que toda aquela animação das estações anteriores não valeram a pena, é aí que a natureza os ensina que logo virá a primavera, e com ela uma nova oportunidade, com mais maturidade, experiência e força para a nova fase de lutas por um mundo melhor, pois o futuro nos aguarda. Se não desfalecermos, colheremos os frutos de um verão melhor, vindo as reflexões que o novo outono propõe, nosso inverno será melhor aproveitado com planos que nos farão dar mais um passo em direção ao que almejamos, pois a primavera logo chegará. Que Deus abençoe nossa jornada! Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 52 edição de Março de 2025 – ISSN 2764-3867

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